Publicado em 16/08/2016 às 18:13, Atualizado em 16/08/2016 às 22:09
A Corregedoria-Regional da Justiça Federal da 3ª Região vai apurar desvios de valores possivelmente ocorridos na 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande. É lá que tramitam processos como o da Lama Asfáltica, que apura desvios milionários de obras públicas em Mato Grosso do Sul, e contra traficantes, alguns com patrimônio de R$ 10 milhões.
As irregularidades aconteceriam quando os bens dos investigados eram sequestrados e encaminhados para leilão. Todo o valor obtido precisa ser depositado em conta judicial e há suspeita que parte desse recurso possa não ter sido destinado para o devido fim.
Somente nesta sexta-feira (19), por exemplo, um dos leilões da 3ª Vara Federal Criminal pode arrecadar em torno de R$ 10 milhões.
A corregedoria estava programada para fazer análise de procedimentos na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul no final deste mês, mas depois dessa suspeita foi feito pedido especial para averiguação de irregularidades.
O juiz titular da 3ª Vara Federal, Odilon de Oliveira, encaminhou dois ofícios, com datas de 18 de julho e 25 de julho, solicitando a averiguação.
"Considerando as informações constantes dos ofícios encaminhados à Corregedoria-Regional pelo juiz federal Odilon de Oliveira, dando conta da ocorrência de desvios de valores apreendidos em feitos com trâmite perante a 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande (...) resolve determinar a correição extraordinária", escreveu Therezinha Astolphi Cazerta, corregedora-regional, em portaria publicada no Diário Oficial da Justiça no dia 12 deste mês.
CORREIÇÃO
A apuração em documentos da 3ª Vara Federal Criminal vai durar 10 dias, entre 22 de agosto a 2 de setembro.
O juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filho e seis servidores farão a correição em documentos e registros para identificar a possibilidade do crime e analisar o possível tamanho do rombo causado.
A Corregedoria-Regional, por meio da assessoria de imprensa do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), divulgou que ainda não há processo instaurado. Somente depois do resultado da correição será definido o procedimento a ser feito.
Para não atrapalhar na apuração do caso e não ocasionar possível destruição de provas, não foram divulgados detalhes informados pelo juiz Odilon de Oliveira ao departamento de fiscalização.
DEMISSÃO
O juiz da 3ª Vara Federal Criminal, Odilon de Oliveira, confirmou que o diretor da secretaria da mesma vara, Jedeão de Oliveira, foi exonerado do cargo há dois meses.
Ele não fez menção direta que a suspeita de desvios está relacionada à demissão do servidor comissionado. Jedeão não era concursado e fora nomeado para cargo de chefia por juiz.
"Foi tudo comunicado à Corregedoria do Tribunal Regional Federal. São eles que estão apurando isso", explicou o juiz ao Portal Correio do Estado, por telefone.