Publicado em 27/06/2025 às 14:29, Atualizado em 27/06/2025 às 13:36
O caso veio à tona com a deflagração da Operação Aqueus, em dezembro de 2021
Um cabo da Polícia Militar identificado foi condenado a 8 anos e 8 meses de prisão e terá de deixar a corporação por decisão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A Justiça considerou que o policial repassou informações sigilosas da Polícia Federal a uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, responsável por movimentar mais de R$ 155 milhões em pouco mais de um ano.
O caso veio à tona com a deflagração da Operação Aqueus, em dezembro de 2021, pela PF de Três Lagoas. A investigação, iniciada em março de 2020, revelou um esquema interestadual que levava drogas da fronteira com o Paraguai para o interior e o litoral paulista, além de cidades de Minas Gerais. Um galpão em Campo Grande era usado como entreposto antes do envio das cargas para outras regiões.
De acordo com o Ministério Público, o Militar atuava como facilitador da quadrilha e, inclusive fardado e em horário de serviço, chegou a fotografar documentos de dois agentes federais infiltrados em missão sigilosa em Ponta Porã. As imagens foram localizadas no celular de um dos líderes do grupo criminoso.
No julgamento da apelação, os desembargadores foram unânimes ao manter a sentença. “A condição de policial militar apenas agravou a situação, pois violou a confiança pública e comprometeu uma operação oficial”, destacou o voto do relator, desembargador José Ale Ahmad Netto. Ele também rejeitou os argumentos da defesa, que tentava reduzir a pena e impedir a exclusão da corporação, alegando ausência de provas e desproporcionalidade na punição.
As investigações comprovaram que a quadrilha utilizava empresas de fachada e contas em nome de laranjas para movimentar os recursos ilícitos. Parte do dinheiro circulava em espécie e era convertido em bens como imóveis e veículos registrados em nome de terceiros.
Durante a Operação Aqueus, a PF prendeu oito pessoas em flagrante, apreendeu 500 quilos de drogas, sequestrou 13 imóveis e bloqueou contas bancárias de 33 pessoas físicas e jurídicas. A ofensiva teve alcance em 24 municípios de quatro estados e resultou em 30 mandados de prisão.