O aparato da Força Nacional de Segurança Pública em Mossoró (RN) começa a ser desmobilizado nesta sexta-feira (29/3). Os agentes atuam há cerca de 40 dias na caçada aos dois fugitivos do presídio de segurança máxima. A fuga, ocorrida em 14 de fevereiro, foi a primeira da história do sistema penitenciário federal, criado em 2006.
A Força Nacional chegou ao Rio Grande do Norte em 23 de fevereiro, e a previsão era de que os agentes trabalhassem nas buscas por 30 dias. Como os criminosos não foram localizados, o prazo acabou sendo estendido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por mais 10 dias. Nesta semana, Lewandowski anunciou que não faria nova prorrogação. Os 111 agentes deverão voltar às atribuições de origem na próxima semana.
Os homens da Força Nacional fizeram varreduras nas matas e fiscalizações nas rodovias. A finalidade era impedir que Deibson Nascimento e Rogério Mendonça rompessem o perímetro das buscas no Rio Grande do Norte.
Apenas em diárias, o valor pago pelo governo federal aos agentes supera R$ 1,2 milhão. Por dia, a mobilização custa R$ 37,2 mil em diárias. Há ainda 22 viaturas e um ônibus destacados para a operação.
Como mostrado pela coluna Na Mira, do Metrópoles, a integração entre as forças de segurança que trabalham para recapturar os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró começou a gerar desconforto entre as corporações.
Agora, a caçada terá continuidade com as demais forças de segurança, lideradas pela Polícia Federal (PF), que ganha cada vez mais relevância no caso.
A avaliação de integrantes do governo é de que, neste momento das buscas, ações de inteligência são o diferencial para recapturar os fugitivos. Helicópteros, drones e cães farejadores seguem no encalço dos foragidos.
O que se sabe até agora
Deibson Nascimento e Rogério Mendonça são membros do Comando Vermelho (CV) e “matadores” da facção carioca, ou seja, responsáveis por executar rivais e faccionados que descumprem normas internas do CV e membros do “tribunal do crime” – punição para “desvio de condutas” dentro da organização.
Deibson foi condenado a 81 anos de prisão em 2015. Ele tem condenações por assaltos, furtos, roubos, homicídio e latrocínio e participou de uma quadrilha que teria cometido 12 sequestros, incluindo um prefeito boliviano. Ele é apontado pela polícia como fundador do CV no Acre.
Rogério foi condenado a 74 anos de prisão e responde por diversos processos judiciais, entre eles roubos, associação a facção criminosa e assassinatos.
A dupla foi transferida para a Penitenciária Federal de Mossoró, em setembro do ano passado, depois de se envolver em uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, em Rio Branco (AC). De acordo com a Polícia Civil do estado, Rogério e Deibson tiveram ligação direta com pelo menos cinco mortes, uma vez que os presos executados pertenciam a um grupo rival do CV, o Bonde dos 13.
A dupla se aproveita da vegetação e do relevo da região, conhecida pelas centenas de cavernas de difícil acesso, para se esconder.
Seis pessoas foram presas por suspeita de terem colaborado com eles. Segundo informações da Polícia Federal (PF), uma facção criminosa os teria ajudado a pagar R$ 5 mil ao dono de uma fazenda que auxiliou na fuga, permitindo que se escondessem na propriedade dele.
Pelo menos três casas foram invadidas pela dupla, que chegou a fazer uma família refém. A Polícia Federal investiga as pessoas com as quais os foragidos entraram em contato.
Os dois foram vistos pela última vez em 3 de março, quando invadiram um galpão na zona rural de Baraúna (RN). Na ocasião, eles chegaram a agredir um funcionário que tomava conta do local. Uma moradora de Vila Nova 2, na mesma região, disse ter visto os criminosos com as roupas sujas enquanto comiam banana em uma plantação.
Relembre a fuga
Vizinhos de cela, os criminosos fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró na madrugada de 14 de fevereiro, através de um buraco na parede de uma das celas.
De acordo com o Ministério da Justiça, o buraco foi feito na área da luminária, que fica na parte superior de uma das paredes. O órgão desconfia que a fuga tenha sido facilitada por funcionários de uma obra realizada no teto da prisão ou por servidores da cadeia que conheciam a dinâmica da reforma.
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A primeira fuga de penitenciárias federais ocorreu 11 meses após audiências no governo, que abordaram o suposto rigor excessivo das cinco unidades administradas pela pasta da Justiça.
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