Publicado em 16/06/2017 às 07:00, Atualizado em 15/06/2017 às 16:29
Segundo governo, obra que enfurece México deve começar em março ou abril.
Restam ainda muitos pontos a serem costurados, mas já há uma data provisória para o início da construção do muro entre Estados Unidos e México, emblema da campanha eleitoral de Donald Trump.
— Estamos trabalhando cuidadosamente para, se recebermos os fundos, poder começar em março ou abril de 2018 — anunciou Carla Provost, chefe interina da Patrulha de Fronteira dos EUA.
O governo Trump pediu 1,6 bilhão de dólares no orçamento fiscal do ano de 2018 para começar a levantar uma barreira com o México. Porém, a aprovação depende do congresso, que tem se mostrado reticente em financiar a proposta. A quantia é muito inferior aos cerca de 12 bilhões de dólares calculados por Trump para a obra, e aos 20 bilhões estimados pelo Departamento de Segurança Nacional.
São 3.100 quilômetros de fronteira entre os Estados Unidos e o México. Trechos que somam aproximadamente 1.000 quilômetros já foram murados, após aprovação de uma lei de 2006.
Trump, que acusa o México de “enviar estupradores” através da fronteira, prometeu completar com um muro todo o resto dos trechos fronteiriços. O republicano, que fez dos insultos ao México um símbolo de sua campanha, assegura que o país vizinho terá que compensar o custo da construção —o que o país latino nega taxativamente.
Em uma participação na Comissão de Apropriações do Congresso, Provost explicou que há previsão de começar a atuar em três trechos no próximo ano: levantar cerca de 51 quilômetros de muro na zona do Vale do Rio Grande, outros 45 quilômetros que reforcem “vácuos” entre as barreiras atuais e a substituição das atuais cercas entre San Diego e Tijuana e entre El Paso e Ciudad Juárez.
— O Vale do Rio Grande tem sido uma área explorada por maus indivíduos nos últimos anos, onde nos falta muita infraestrutura — explicou a chefe da patrulha que vigia a fronteira.
Em relação a San Diego, ela assegurou que a atual cerca é “insuficiente” e descreveu a zona como de “alto risco” porque facilita a entrada de grupos criminais.
Provost não entrou em detalhes, mas disse que há áreas onde não tem sentido levantar um muro poque já existem separações naturais, como uma zona com parques florestais e lagos no Texas. E se mostrou confiante em poder chegar a acordos com os proprietários de terras nas áreas onde se decida construir uma barreira. Esse é um dos principais obstáculos que a Casa Branca enfrenta para poder transformar em realidade a promessa de Trump.
Por hora, ainda é desconhecido como seria o “muro grande e bonito” que Trump prometeu como candidato. O processo de apresentação de propostas de empresas interessadas na obra segue em curso, e o governo prevê analisar as propostas em meados de setembro. Na documentação do processo de licitação foram pedidos projetos para um muro de nove metros de altura e feito de cimento.
Recursos para a construção
Ao contrário do que Trump deseja, o México avisou que não pagará a conta. Mas o governo americano diz ter meios de fazer com que contribua com os gastos. Na campanha, Trump chegou a ameaçar interromper o envio de remessas de mexicanos no país para suas famílias. Somente em 2016, eles enviaram US$ 25,7 bilhões para casa. Mais recentemente, a Casa Branca disse que poderia financiar o muro impondo uma taxa de 20% sobre as exportações mexicanas para os EUA.
Os custos do muro
As estimativas vão de US$ 8 bilhões a US$ 40 bilhões. Segundo Trump, custaria de US$ 8 bilhões a US$ 12 bilhões. Republicanos dizem que pode chegar a US$ 15 bilhões. A agência de notícias Reuters afirma que o Departamento de Segurança Interna avalia em até US$ 21,6 bilhões. Uma estimativa independente, publicada no “MIT Technology Review”, prevê de US$ 27 bilhões a US$ 40 bilhões.
Fonte - Globo