Publicado em 12/09/2024 às 13:31, Atualizado em 12/09/2024 às 10:25
A morte foi confirmada pela sua filha, Keiko Fujimori.
O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, que governou o país durante uma década, morreu nesta quarta-feira, dia 11 de setembro, aos 86 anos. A morte foi confirmada pela sua filha, Keiko Fujimori.
"Após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o encontro com o Senhor. Pedimos àqueles que o estimaram que nos acompanhem com uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Obrigado por tudo, papai", disse a filha em comunicado assinado pelos quatro filhos do ex-presidente.
Fujimori, que foi preso duas vezes por crimes contra a humanidade, deu um autogolpe e fugiu do país após acusações de corrupção e até de mentir sobre sua nacionalidade, estava internado em Lima em estado grave. Leia mais sobre quem foi Alberto Fujimori.
Horas antes da confirmação da morte, o médico pessoal do ex-presidente, Alejandro Aguinaga, disse a repórteres que Fujimori estava “lutando pela vida” e pediu que respeitassem a privacidade da família.
Fujimori estava recebendo tratamento na casa da filha, Kiko, no bairro de San Borja, em Lima, para onde foi morar após ter saído da cadeia, em dezembro de 2023. Diversos familiares do ex-presidente visitaram o local nesta quarta.
A última vez que Fujimori foi visto publicamente foi em 4 de setembro, saindo de cadeira de rodas de um hospital privado.
Em maio, Fujimori revelou que havia sido detectado um tumor maligno em sua língua. Em 2018, Fujimori disse também que tinha um tumor no pulmão. Ele deixa quatro filhos e cinco netos.
Um dos líderes mais polêmicos da história recente da América Latina, Fujimori governou o Peru entre 1990, quando derrotou Mario Vargas Llosa nas urnas, e 2000. No início do governo, impressionou apoiadores e críticos por ter controlado a hiperinflação do país e pela luta contra a criminalidade. Mas logo surgiram denúncias de que ele ordenou massacres como parte de sua política de combate ao crime organizado, além de violações graves de direitos humanos, seguidas de suspeita de corrupção.
Apenas dois anos depois de chegar ao poder, em 1992, Fujimori aplicou um autogolpe, fechando o Congresso. Nos anos seguintes, foram emergindo denúncias de violações dos direitos humanos, abuso de poder, corrupção e até de que ele teria mentido à população sobre sua nacionalidade — a oposição afirmou que ele, na verdade, nasceu no Japão, mas adulterou sua certidão de nascimento para poder concorrer à presidência no Peru.
Diante da chuva de denúncias, o ex-presidente deixou o país em segredo. Ele fugiu para o Japão, onde seus pais nasceram, e, de lá, enviou um fax com um pedido de renúncia. Ficou em autoexilio por sete anos, mas foi preso durante uma visita ao Chile e extraditado de volta ao Peru. Em 2009, foi condenado pela morte de 25 civis durante dois massacres executados pelo Exército peruano.
Após um julgamento que parou o Peru, o ex-presidente foi preso, mas, em dezembro de 2023, teve a condenação revogada. Ele havia sido solto em 2017 por uma concessão de perdão por parte do governo, mas a Corte Interamericana de Justiça revogou o perdão, e ele voltou a ser preso.
No ano passado, porém, o Tribunal Constitucional deu decisão favorável a um habeas corpus, e ele deixou o presídio em que estava, em Lima. Fujimori cumpria pena de 25 anos de prisão.
Neste ano, ele chegou a anunciar que planejava voltar a concorrer às eleições do país. Sua filha, Keiko Fujimori, também se candidatou três vezes à presidência, mas perdeu em todas elas. A última foi em 2021, quando foi derrotada pelo esquerdista Pedro Castillo.
Keiko também já foi presa, de forma preventiva, como parte de uma investigação por suspeita de corrupção envolvendo a brasileira Odebrecht. Ela nega as acusações, mas foi proibida de deixar o país.