Publicado em 02/04/2018 às 13:12, Atualizado em 02/04/2018 às 17:04
Uma nota da família informou que Madikizela-Mandela morreu em paz após "uma longa doença pela qual ela esteve dentro e fora de hospitais desde o início do ano".
Winnie Madikizela-Mandela, ativista antiapartheid e ex-mulher do primeiro presidente negro sul-africano, Nelson Mandela, morreu nesta segunda-feira (2) aos 81 anos, segundo sua assistente pessoal Zodwa Zwane.
Uma nota da família informou que Madikizela-Mandela morreu em paz após "uma longa doença pela qual ela esteve dentro e fora de hospitais desde o início do ano".
"Ela sucumbiu pacificamente nas primeiras horas da tarde desta segunda, cercada por sua família e por entes queridos."
Ela estava internada no hospital Milkpark, em Johannesburgo.
Madikizela-Mandel foi casada com Nelson Mandela durante os 27 anos em que ele ficou preso na Robben Island.
Nesse período, Madikizela-Mandela lutou incansavelmente pela sua libertação e pelos direitos de sul-africanos negros, sofrendo anos de detenções, proibições e prisão pelas autoridades brancas.
"Ela lutou valentemente contra o estado de apartheid e sacrificou sua vida pela liberdade do país", afirmou nota do porta-voz Victor Dlamini.
"Ela manteve viva a memória de seu marido preso, Nelson Mandela, durante seus anos em Robben Island e ajudou a dar à luta por justiça na África do Sul uma de suas faces mais reconhecidas."
No entanto, nos últimos anos sua reputação ficou manchada por problemas legais e políticos.
O casal se separou em 1992, e a reputação dela sofreu uma deterioração ainda maior quando ele a demitiu do cargo de ministra em seu governo, em 1995, sob acusação de corrupção.
Eles se divorciaram no ano seguinte, e ela passou a usar o sobrenome Madikizela-Mandela.
Em uma entrevista a um jornal inglês, ela atacou Mandela, afirmando que ele amoleceu na prisão e vendeu a causa negra. "Mandela foi para a prisão como um ardente jovem revolucionário. Mas olhe o que saiu de lá. Mandela nos desapontou. Ele concordou com um acordo ruim para os negros."
Mandela morreu em dezembro de 2013.
O ex-arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu afirmou que Winnie Mandela foi um grande símbolo da luta contra o regime racista do apartheid.
"Ela se negou a ceder ante a prisão do marido, a perseguição contínua a sua família por parte das forças de segurança, as prisões, as proibições", afirmou.
"Sua atitude de desafio me inspirou profundamente, assim como gerações de lutadores", acrescentou o Prêmio Nobel da Paz em um comunicado.
Fonte - Folhapress