Publicado em 21/06/2017 às 08:30, Atualizado em 20/06/2017 às 22:46
O governo da Bolívia está sendo acusado formalmente por duas deputadas bolivianas de tentar acobertar e atrasar as investigações sobre o acidente com o avião da empresa LaMia, que causou a morte de 71 pessoas, incluindo jogadores, comissão técnica e funcionários da Chapecoense, além de jornalistas e dirigentes esportivos, em novembro do ano passado.
As deputadas Érika Justiniano e Nórma Piérola acusam o procurador-geral da Bolívia, Ramiro Guerrero, de tentar "encobrir" as responsabilidades do governo boliviano no caso. A empresa LaMia é boliviana e, por isso, o país está também investigando o caso, além da Colômbia, local da tragédia.
"Somos conscientes que na Bolívia não existe mais a mínima possibilidade que o caso se esclareça e que os responsáveis por isso respondam na justiça. Podemos afirmar que o Ministério Publico da Bolívia tem uma atitude de "encobrimento" do caso", disse Érika, que é filiada ao PDC (Partido Democrata Cristão), mesmo partido de Nórma Piérola. As duas fazem oposição ao governo Evo Morales.
A deputada argumentou que o governo da Bolívia também está "punindo inocentes", que neste caso seria a funcionária Célia Castedo, funcionária da ASANAA (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea). A acusação contra ela é relacionada a autorização do plano de voo daquela viagem. Ela está refugiada no Brasil. "Cremos firmemente que as famílias das vitimas merecem o desfecho deste acidente e saber da verdade. Nós, como deputadas, temos a obrigação de fazer a verdade aparecer", explicou na carta que será entregue às autoridades brasileiras.
Érika reuniu-se com a diretoria da Chapecoense nesta manhã de terça-feira, em Chapecó, e também com familiares de vítimas do acidente. A parlamentar entregará nesta tarde uma carta para as autoridades brasileiras, familiares das vítimas e também para a diretoria da Chapecoense para esclarecer o motivo da visita. A parlamentar ainda se encontrará com integrantes do Ministério Publico Federal de Chapecó.
Na semana passada, o UOL Esporte fez um levantamento com o governo colombiano, embaixada do Brasil na Colômbia e a empresa British Aerospace da Inglaterra, sobre o andamento das investigações, mas os órgãos ainda aguardam a entrega de laudos sobre o acidente.
O UOL Esporte entrou em contato com o Ministério Publico da Bolívia, que respondeu que as investigações estão sendo realizadas da "melhor maneira" e que os laudos serão entregues em breve. A assessoria do procurador-geral, Ramiro Guerrero, não quis comentar sobre o caso.
Ainda foi citado na carta, Milton Claros diretor da DGAC, responsável por regular as empresas aéreas na Bolívia, que é acusado de ter liberado o voo da empresa LaMia, sem a mesma ter autorização para voar no espaço aéreo boliviano. "Temos muitas pessoas responsáveis no governo boliviano por esta tragédia. Estou em Chapecó para dar nosso total apoio ao familiares e esperamos poder resolver o quanto antes isso. Faremos tudo que estiver ao nosso alcance para que a verdade venha a tona e que os familiares possam saber o que realmente aconteceu e quem são os verdadeiros culpados", disse Érika.
Conteúdo - FolhaPress