Em meio a diversas ocupações de terra por todo o País, cerca de 450 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) devem ocupar a região do Assentamento Itamarati já nos próximos dias.
O local, distante cerca de 50 km de Ponta Porã, município sul-mato-grossense localizado na fronteira com o Paraguai, deve contar com novos integrantes já em março.
“Existe a possibilidade de ocuparmos duas regiões distintas de Mato Grosso do Sul. De forma mais concreta, estamos articulando a ocupação próxima ao Assentamento Itamarati, próximo ao município de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. Imaginamos ocupar o território com cerca de 400 a 450 famílias já nos próximos meses”, destacou ao Correio do Estado o coordenador nacional do MST, Claudinei Barbosa.
Além do local citado, segundo o coordenador, o MST também se organiza para ocupar a região centro-norte do Estado, entre os municípios de Corguinho e Rochedo.
“Neste momento não temos um número estimado de famílias que devem seguir para os locais citados, já que as conversas são iniciais e não há nada decidido até o momento. Certo é que essa é uma área em que já nos preparamos para ocupar”, frisou Barbosa.
A ação ganha notoriedade após a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), outra organização, invadir no sábado a Fazenda Fernanda, localizada em Japorã, município distante cerca de 475 km da Capital.
Além de Mato Grosso do Sul, invasões, conflitos e prisões de integrantes da FNL ocorreram em São Paulo e no Paraná.
Na ocasião, a FNL disse em nota que o grupo “ocupou a área (que seria de um traficante falecido) pedindo às autoridades que cumpram a lei e encaminhem a área para fins de reforma agrária, para que seja organizado um assentamento imediato das famílias”.
No domingo, houve confronto na região e o acampamento no local foi desfeito.
Questionado sobre a articulação de momento e sobre possíveis represálias de fazendeiros ou da polícia, o coordenador destacou que as famílias já sabem o que devem enfrentar.
“É uma ocupação de luta pela terra. Sabemos que, depois de mais de 40 anos de luta, os tratamentos têm pesos diferentes. Dos fazendeiros nós sabemos o que esperar, também reconhecemos que existem algumas falhas, tanto do governo federal quanto do governo do Estado”, disse Barbosa.
Segundo ele, apesar de situações distintas, o cuidado e o tratamento atribuído aos integrantes do MST e aos manifestantes em frente aos quartéis durante as eleições é bem diferente.
“Não é possível comparar as situações, entretanto, as famílias têm nos procurado para lutar pelo direito à terra no Estado. Com isso, vimos a necessidade de nos organizarmos”, finalizou Claudinei Barbosa.
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