Publicado em 15/08/2021 às 08:35, Atualizado em 14/08/2021 às 22:45
Pantanal já registra estiagem mais severa que ano passado, porém, algumas características, entre elas o aprendizado com 2020, podem ajudar em 2021
A situação da seca no Pantanal se encaminha para ser pior em 2021 do que o trágico ano de 2020. Contudo, a despeito da severidade, o bioma não deve sofrer tanto quanto ano passado. Pelo menos é a expectativa de algumas ONGs que atuam na região e do Poder Público, que apontam a experiência de 2020 como de grande aprendizado e ainda que essa aquisição de conhecimento está ajudando em 2021.
Historicamente, o período de estiagem, e, portanto, de seca no Pantanal, começa em meados de junho e julho e vai até novembro. Esse também é o período com maior número de focos de incêndio.
“Os focos começam a aparecer com mais frequência em agosto e vão até o outubro mais ou menos, portando, a fase mais crítica está começando de fato agora”, disse Ângelo Rabelo, fundador do Instituto Homem Pantaneiro, umas das entidades que auxiliam na preservação do bioma pantaneiro.
Para se ter uma de ideia, apenas em 2020, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) contabilizou 22.116 focos de incêndio. O número é ainda mais impressionante porque esta também é a primeira vez na história do monitoramento que o bioma registrou mais de 12 mil focos de incêndio — portanto, primeira vez que ultrapassou 15 mil e até 20 mil.
Os índices mostram que o Pantanal já teve mais focos de incêndio do que os anos de 2019 (10.025), 2018 (1.691) e 2017 (5.773) juntos, que somam 17.489.
Não dá para mensurar exatamente como será 2021, mas alguns fatos nos levam a crer que o capricho das chuvas ainda nos faltará. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), o rio Paraguai, localizado no bioma do Pantanal, está no nível mais baixo de uma série histórica, após baixar quase 20 centímetros na última semana, ou cerca de 2 centímetros por dia, em Ladário (MS).
Já o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), informa que a região do Pantanal vive uma seca histórica que dura dois anos. O órgão declarou que chuvas de até 30% acima ou abaixo da média não devem gerar uma mudança significativa durante o próximo mês, por serem chuvas mais escassas.
Mesmo com este cenário, conforme dados do WWF-Brasil, se levarmos em conta os focos de incêndio até aqui este ano, comparado ao mesmo período do ano passado, tivemos uma diminuição de 82% de incidência.
Mas como em meio a menos chuva e mais seca vamos ter menos focos de incêndio em 2021? Bom, segundo os especialistas, por uma série de fatores.
“Temos menos disponibilidade de material combustível, um controle bem mais efetivo do Estado e também uma conscientização muito grande dos atores da região levando em conta o tamanho da catástrofe em 2020”, explica Cássio Bernardino, coordenador de projetos do WWF-Brasil.
A curva de aprendizado com o ano atípico de 2020 foi muito grande, dizem os especialistas. “Temos 28 brigadas permanentes hoje na região do Pantanal, que foram treinadas para ajudar no combate. O tempo de resposta também está bem maior”, diz Ângelo Rabelo.
Por isso, apesar da imprevisibilidade exata, 2021 caminha para ser um ano 'menos pior' que o trágico ano de 2020. “Mesmo com essa perspectiva melhor, temos ainda muitos focos de calor. O ideal seria voltar a média histórica dos anos anteriores a 2020”, completa Cássio do WWF-Brasil.
Com informações do Midiamax