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16/06/2024 às 07:00, Atualizado em 15/06/2024 às 21:40

Rio Paraguai fica 3 metros abaixo da média esperada para junho e seca expõe Pantanal ao fogo

As informações são do Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai

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Foto - Reprodução TV Morena

O nível do rio Paraguai, a principal bacia do Pantanal, está 3,10 metros abaixo da média para o mês de junho, em Ladário (MS). As informações são do Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai, feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e foram divulgadas na sexta-feira (14), primeiro pelo G1 MS.

Nível esperado: 4,44 metros;

Nível atual: 1,31 metro.

Os dados levam em consideração a régua de medição da cidade de Ladário, vizinha a Corumbá, conhecida como a capital do Pantanal. A região está no epicentro da temporada de fogo, que neste ano começou mais cedo no bioma.

Segundo dados do programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só nos primeiros 12 dias deste mês, foram mais de 733 focos de calor no Pantanal, que fica entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. É o maior número de queimadas para um mês de junho desde o começo do monitoramento, em 1998.

Para o pesquisador responsável pelo boletim técnico do SGB, Marcus Suassuna, a seca no rio Paraguai é resultado da seguinte combinação: prolongamento do tempo seco em 2023 + baixas chuvas em 2024 + efeitos práticos do fenômeno El Niño.

"No começo deste ano, os níveis estavam muito baixos e a estação chuvosa foi toda muito fraca. A situação pode ficar mais grave entre setembro e outubro", disse.

Historicamente, junho seria marcado pelo início da vazante no rio. Porém, em 2024, o cenário é outro. De 9 de maio deste ano a 13 de junho, última medição, o nível do rio caiu 0,14 cm.

De acordo com os boletins do SGB, o rio tem registrado quedas ou estabilidade na medição há seis semanas. Em 13 de maio deste ano, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou “situação crítica de escassez” na bacia do rio Paraguai.

Seca expõe Pantanal ao fogo

No Pantanal, os incêndios dispararam mais de 1000% nos primeiros seis meses de 2024, comparado ao mesmo período do ano passado.

Além da falta de chuva por mais de 50 dias, o tempo seco e os ventos fortes têm influenciado na propagação dos focos de incêndios no bioma, que é a maior planície alagável do mundo.

O Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) apresentou um balanço relacionado ao acumulado das chuvas no estado durante maio deste ano.

Na análise do número de dias com chuvas abaixo de 1 mm, foi constatado que grande parte dos municípios da região do Pantanal apresentaram mais de 25 dias sem ocorrência de chuvas ao longo de todo mês de maio.

Em junho, as precipitações seguem em patamares muito baixos. Na nota divulgada pelo SGB, o especialistas frisam: "a bacia do Rio Paraguai registrou um volume de chuvas acumulado insignificante".

Modelos meteorológicos indicam que, nas próximas duas semanas, são esperados acumulados de chuva em torno de 2 milímetros, segundo relatório do SGB. A chuva deve ser concentrada entre os dias 18 e 21 de junho.

Mas esta pequena quantidade de chuva não é suficiente. Suassuna levanta a preocupação diante do prognóstico nada favorável.

"A gente tá entrando num período seco, numa condição desfavorável com a bacia, com níveis baixos de água acumulada, então devemos passar por um período prolongado de seca com o 'estoque' pequeno de água".

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