Publicado em 30/08/2024 às 16:04, Atualizado em 30/08/2024 às 15:34

Queimadas forçam pecuaristas do Pantanal a vender gado a preços baixos em meio à crise

Seca e incêndios florestais agravaram a situação da pecuária na região, enquanto sindicatos pressionam por crédito emergencial e suporte governamental

Redação,
Cb image default
Foto: Nilson Figueiredo

As queimadas e a seca prolongada no Pantanal têm forçado pecuaristas a venderem seus animais a preços reduzidos, devido à perda de pastagens e à falta de opções no mercado comprador. Para aliviar a crise, o Sindicato Rural de Corumbá busca a criação de linhas de crédito emergenciais, com prazos e carências estendidos, para que os produtores possam manter os rebanhos até que as condições melhorem.

De acordo com a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), as queimadas na Amazônia e no Pantanal já causaram prejuízos de R$ 22,8 milhões para a agropecuária em 2024, sendo R$ 9,2 milhões apenas na pecuária. No total, os prejuízos, incluindo outros setores, já somam R$ 38 milhões, mas os valores ainda devem crescer à medida que novos dados forem reportados.

O produtor e presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Gilson Barros, destaca a gravidade da situação para a pecuária pantaneira. “Fazendas que sofreram com incêndios tiveram prejuízos enormes, como a perda de pasto e infraestrutura. Um quilômetro de cerca custa em torno de R$ 12 mil, e a venda forçada de animais a preços baixos, devido à falta de pasto, torna mais grave as perdas”, explicou Barros. O ciclo de baixa nos preços do gado, aliado à queda na demanda, piora o cenário para os produtores, que enfrentam uma diminuição no mercado comprador.

Diante desse quadro, o Sindicato Rural de Corumbá oficiou a superintendência do Banco do Brasil para agilizar e ampliar linhas de crédito aos produtores afetados. “Solicitamos a criação de financiamentos com prazos e carências longas, para que os produtores possam segurar seus animais e não sejam forçados a vender em condições tão desfavoráveis”, acrescentou Barros.

Enquanto isso, os prejuízos se acumulam. Segundo estimativas da CNM, as queimadas na Amazônia e no Pantanal já causaram perdas de R$ 22,8 milhões para a agropecuária em 2024. Desses, R$ 9,2 milhões são relacionados à pecuária, que tem sido duramente atingida pelas condições climáticas e pelos incêndios. O total de prejuízos, somando outros setores da economia, já ultrapassa os R$ 38 milhões, mas esse número pode crescer à medida que mais dados forem reportados pelos municípios.

O Sistema Famasul, por meio do Senar/MS, também tem atuado no suporte aos produtores afetados pelas queimadas. André Nunes, Coordenador do Departamento Técnico da Famasul, destacou que o programa de ATeG (Assistência Técnica e Gerencial) Pantanal tem sido essencial para apoiar 726 propriedades no Pantanal, abrangendo 114 mil hectares. “Nosso foco é diagnosticar e solucionar problemas relacionados à produção e gestão das propriedades, especialmente neste momento de crise”, afirmou Nunes.

Além disso, a Famasul tem articulado junto a instituições financeiras para garantir condições especiais de crédito e renegociação de dívidas para os produtores impactados. “Estamos dialogando com o governo e outras entidades para garantir que os produtores recebam o suporte necessário e possam se reerguer após essas perdas”, acrescentou.

Os incêndios florestais também estão levando os municípios a decretarem situação de emergência com maior frequência. De janeiro a 26 de agosto de 2024, foram registrados 167 decretos municipais de emergência por incêndios florestais, um aumento de 193% em comparação ao mesmo período do ano passado. Só em agosto, foram 118 decretos, evidenciando o agravamento da crise climática no Pantanal e na Amazônia.

Para além das perdas imediatas, o futuro da pecuária no Pantanal depende de uma resposta coordenada. A Famasul reforça a importância da prevenção, com a criação de aceiros, manutenção de máquinas, treinamento de equipes e até o uso de queimas controladas em áreas com grande acúmulo de massa orgânica. “A prevenção é essencial, e estamos capacitando produtores para que possam mitigar os danos e evitar novas tragédias”, concluiu Nunes.

Combate a incêndios florestais

O Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc, reuniu-se com a Biosul e outras entidades para fortalecer a integração no combate a incêndios florestais em áreas de cana, outras culturas e áreas urbanas no interior do estado. O setor de bioenergia, que conta com 1,5 mil brigadistas e 150 caminhões pipas, utiliza tecnologia de monitoramento em tempo real para atuar de forma eficiente.

Conforme destacado pelo Comitê do Fogo, é necessário maior coordenação entre o governo e as instituições atuantes em incêndios florestais, especialmente em áreas críticas. Segundo o diretor técnico da Biosul, Érico Paredes, as queimadas em canaviais trazem prejuízos para as usinas, além de impactos ao meio ambiente e à saúde das comunidades próximas.

As usinas do estado já adotam diversas medidas preventivas, como o monitoramento constante, manutenção de aceiros e campanhas de conscientização. A integração dessas ações com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e outras indústrias ocorre por meio do PAME (Plano de Auxílio Mútuo Emergencial).