Publicado em 23/06/2024 às 12:31, Atualizado em 23/06/2024 às 10:53

Produtividade no Estado impacta em melhores salários para os sul-mato-grossenses

Desempenho do agronegócio em MS tem mais sucesso se comparado a outros setores

Redação,
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Trabalhador da indústria em fábrica de Campo Grande - Foto: Marcos Maluf

A relação entre a produção e os fatores utilizados nessa produção, define o índice de produtividade nos estados. Ou seja, quanto mais se produz usando menos recursos, maior é essa produtividade, em termos simples, é fazer mais com menos. Em Mato Grosso do Sul, no setor de serviços, a eficiência reflete diretamente nos salários pagos aos trabalhadores, conforme explica a presidente da FCDL-MS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul), Inês Santiago.

“A melhoria da produtividade impacta diretamente no desenvolvimento econômico das empresas e na sua competitividade no mercado. Igualmente impacta na qualidade de vida dos trabalhadores, pois, empresas mais produtivas podem pagar melhores salários. Em MS o setor de serviços, a exemplo, do turismo, gastronomia, transporte e serviços financeiros, podem se expandir ainda mais implantando melhorias na produtividade, com uma força de trabalho mais qualificada e a adoção de novas tecnologias. Por outro lado, a eficiência na prestação de serviços traz maior satisfação ao consumidor e atrai investidores, transformando a economia do Estado”, avalia.

No agronegócio, essa eficiência produtiva tem dados saltos contínuos, segundo o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Stanley Barbosa. Com isso, naturalmente, a produtividade dos fatores de produção no setor também aumentou. “Por exemplo, os avanços recentes que estamos fazendo na área cultivada do estado. De 2017 para cá, saltamos de 2,7 milhões de hectares cultivados para mais de 4 milhões de hectares cultivados em nossa safra anual, e estamos falando apenas da primeira safra. Este avanço é produto da melhora dos processos e das tecnologias empregadas no campo, ainda que exista muito a se fazer adiante. Em outros setores da economia esses avanços não acontecem na mesma velocidade, daí a dificuldade de manter crescente a produtividade no Brasil”, analisa.

A produtividade é uma variável complexa, pois envolve muitos fatores, um deles citado por Barbosa, é sobre a demografia (que estuda a dinâmica populacional humana) de cada região. Mas que no fundo é a régua que vai ditar o ordenamento dos salários e da geração de valor no país.

“Veja, entre os anos de 1980 e 2010 demos saltos expressivos de produtividade, entretanto, estes saltos foram balizados pelo aumento do número de trabalhadores em idade economicamente ativa, não apenas pelo crescimento populacional vertiginoso, mas também pelas conquistas femininas de postos e posições no mercado de trabalho, uma luta justa”, defende o economista.

Em certo momento, esse processo de crescimento da população economicamente ativa, ou seja, a quantidade de pessoas trabalhando, começa a perder força causando impactos na produtividade. “Aumenta-se o número de dependentes e reduz-se a quantidade de trabalhadores na ativa. Tudo isso limita o avanço da produtividade geral dos fatores, gerando consequências graves a médio e longo prazo para a nossa economia, pois reduz a nossa capacidade agregada de gerar valor, impactando nos salários e no acesso a bens de consumo”, destaca Barbosa.

A solução para o dilema, de acordo com o economista, não havendo possibilidade de contrariar a tendência etária que está posta, vai no sentido de gerar mais valor com menos fatores de produção, aumentando e estimulando diretamente a produtividade geral dos fatores em nossa economia. “Para isso é necessário criar estruturas que facilitem o desenvolvimento de negócios no país, como uma boa infraestrutura, menos burocracia nos negócios, menos impostos e maior estímulo à competição e ao empreendedorismo”, sugere.

Nas empresas, o ambiente de negócios precisa primar pela melhoria da gestão, da qualificação do capital humano e dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, conclui o especialista financeiro. “Na relação com os mercados, cabe o estímulo ao comércio exterior. Precisamos conquistar novos mercados para nossos produtos. Não há estímulo para se produzir mais se não tiver para quem vender. Esses são alguns dentre muitos desafios que o Brasil precisa enfrentar para se recolocar na vanguarda da economia mundial. Isso é o que o agronegócio vem fazendo, e está dando certo”, finaliza.

Produtividade brasileira e a americana

Os últimos anos foram trágicos para a produtividade do trabalho no Brasil. O fator será cada vez mais determinante para que o país cresça e enriqueça diante da tendência de diminuição de sua população economicamente ativa —o que tende a jogar a produtividade para baixo.

No maior setor da economia, o de serviços, que representa um terço do PIB (Produto Interno Bruto), tem havido inclusive queda na taxa de produtividade desde 2010. Em resumo, sem a explosão de eficiência no agronegócio e a melhora na qualidade da mão de obra nos últimos anos, o Brasil estaria em situação ainda mais dramática.

Entre 2010 e 2023, a produtividade geral por hora trabalhada no Brasil cresceu apenas 0,3% ao ano, puxada principalmente pelo agro, com alta anual de 5,8%. No gigantesco setor de serviços, houve queda de 0,3% ao ano; e na indústria, alta de apenas 0,1%.

Por Suzi Jarde (O Estado Online)