Publicado em 09/02/2022 às 08:00, Atualizado em 08/02/2022 às 19:02

Preço da soja é pressionado por custos e perdas em MS

A Aprosoja/MS e o Sistema Famasul têm recebido diversas reclamações da classe produtora sobre as seguradoras, que não estariam realizando perícias no tempo combinado

Redação,
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Divulgação

A atual cotação da saca de 60 quilos de soja em Mato Grosso do Sul, de R$ 165,45, está longe de representar o lucro do agricultor sul-mato-grossense. Além dos custos de produção que subiram 60% em relação ao ciclo passado, segundo a Aprosoja/MS - Associação dos Produtores de Soja e Milho, é preciso considerar também a média ponderada dos preços pagos e os prejuízos causados pela estiagem na safra atual.

“Existe uma impressão de que altos preços, pagos hoje na saca da soja ou do milho, representam altíssimos lucros para o produtor, o que está longe de ser a informação correta. Vale lembrar que o produtor faz as suas vendas baseadas nos insumos de custo de produção”, explica do presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi. “O produtor não consegue vender toda a sua produção no melhor preço, porque ele começa lá atrás, fazendo as travas dos insumos que ele usa em sacos de soja e, consequentemente, ele não pega o preço mais alto da produção, nem o mais baixo, ele faz uma relação de troca interessante pra ele e, com isso, consegue lastrear o seu custo na moeda dele, que é o saco de soja e milho produzido, correndo menos risco,” completa.

A saca de soja que, atualmente, está em R$ 165,45, começou a ser comercializado em fevereiro de 2021 a R$ 151,06, chegando a uma média de R$ 155,08, valor que estaria mais próximo da realidade do que é pago ao produtor. Desta média, ainda são retirados os custos, que correspondem a 41 sacas por hectare. Segundo a Aprosoja/MS, a estimativa de produtividade da soja está em 50,6 sacas por hectare, restando pouco mais de 9 sacas por cada hectare ao produtor.

“O saco de soja está nesse valor por não ter o produto no mercado, ninguém está ganhando com isso. O produto está valorizado para estimular aquele pouco que tem a ser comercializado, e não necessariamente significando lucro para o agricultor”, explica Dobashi. “Mato Grosso do Sul está enfrentando uma estiagem muito severa e fazendo as produtividades caírem dia após dia, ele vai colher pouco, e o pouco que ele tem a ser colhido precisa pagar a conta que ele fez ano passado. Então, ele não vai poder aproveitar esses valores que estão sendo pagos”, lamenta.

Sobre os insumos citado pelo presidente, a economista da Aprosoja/MS, Renata Farias, aponta que todos tiveram acréscimo, entre eles: a semente de soja que avançou 73%, corretivo de soja que subiu 110%, fertilizantes que representa aumento de 91% e inseticida 54%, além de outros produtos. Além desses, ainda há custos particulares, como aqueles que fizeram seguro da lavoura, entre outras contas.

Seguro

A Aprosoja/MS e o Sistema Famasul têm recebido diversas reclamações da classe produtora sobre as seguradoras, que não estariam realizando perícias no tempo combinado, assim como o atraso nas emissões de laudos e, consequentemente, nos pagamentos dos prêmios do seguro. Segundo a Associação há pagamentos atrasados referente ao milho segunda safra de 2021, quando foram registradas diversas perdas em função do frio e da seca.

Sobre isso, a Aprosoja/MS está coletando informações junto aos produtores, e segue em contato constante com o Ministério da Agricultura, que por meio da ministra Tereza Cristina, está se mobilizando a ajudar na situação.

“Junto da Famasul, trabalhamos para disponibilizar um auxílio aos produtores, principalmente no âmbito jurídico, mas para isso é preciso oficializar a queixa, por isso a importância de o agricultor registrá-la, junto a Aprosoja/MS”, finaliza André Dobashi.