Publicado em 07/11/2022 às 11:05, Atualizado em 07/11/2022 às 11:19

Preço da arroba fecha outubro com retração de 5% em MS

Especialistas projetam momento de inflexão no indicador que está em tendência de baixa em 2022

Redação,
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Foto - Reprodução Correio do Estado

Em um mês a arroba do boi gordo recuou 4,95% em Mato Grosso do Sul, no caso da arroba da vaca a queda é ainda maior atingindo 5,21%, segundo da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

No dia 03 de outubro, a arroba do boi gordo era vendida pelo produtor do Estado na faixa dos R$ 265,34, na cotação desta sexta-feira porém, esse valor caiu para a casa dos R$ 252,82. A arroba da vaca seguiu movimento similar e saiu dos R$ 251,18 de um mês atrás para R$ 238,73 nesta sexta.

O movimento é um pouco mais tenso que o observado em âmbito nacional pelo preço mensurado do boi no mercado financeiro. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), no acumulado do mês (entre 30 de setembro e 31 de outubro), o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 recuou quase 4%.

Segundo pesquisadores do Cepea, o bom desempenho das exportações no ano não foi suficiente para impedir que o boi gordo se desvalorizasse em outubro no mercado interno.

Segundo o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo, Staney Barbosa, no mercado agropecuário o que dita as oscilações de preço são essencialmente as condições de oferta e demanda. “Faz alguns meses que a arroba do boi gordo apresentou tendência de queda e, na sequência, estabilizou-se com algumas quedas pontuais na casa dos R$ 260/@”, comenta.

Para ele, existem diversos fatores internos e externos que nos ajudam a entender essa queda. “Um primeiro fator é interno, e reflete a perda do poder de compra dos consumidores brasileiros, forçando-os a buscar outras fontes de proteína para suprir suas necessidades energéticas, como frangos, peixes e outras carnes”, elabora.

Inflexão

Apesar de o cenário nos últimos oito ou nove meses terem demonstrado essa tendência, o economista e head de pecuária da Agrifatto, Yago Travagini, comenta que o preço da carne bovina já se mostra mais competitiva em relação ao boi gordo.

“A carne bovina apresentou um nível de competitividade muito melhor em relação ao frango nos últimos dias. A diferença já chegou a 450% a 500% em relação ao frango. Hoje está em 270% perto da média histórica”, analisa.

Isso, ele comenta, acontece porque há um indicativo de valorização da arroba do boi gordo na comparação com a carcaça casada, que é uma definição mercadológica da carne bovina, na qual combinam os quartos traseiros, dianteiros e a ponta de agulha.

Esse valor é uma média ponderada dos preços do traseiro, que corresponde a 48% da carcaça; do dianteiro, com 39%, e do preço da ponta de agulha, com 13% de participação na carcaça.

Como já noticiado no Correio do Estado, em julho, o preço da arroba do boi gordo chegou a R$ 288,23, se comparado com o preço médio praticado atualmente em MS, a redução é de 12,28%.

Travagini analisa que a relação entre os dois indicadores ficaram um pouco descolados durante este ano. “A desvalorização do boi gordo acometeu de forma mais intensa a arroba, e a carcaça casada não teve desvalorização na mesma proporção. Depois de quase um ano, voltamos a ver margens mais positivas para a carcaça casada em reais por quilo”, afirma.

A conclusão é que um movimento como esse pode significar uma possível valorização da arroba, projeta o economista. “Notamos que está melhorando a fluidez, com a demanda interna de fim de ano como propulsor para o preço da carcaça do boi gordo, isso pode levar os preços para cima no curto prazo, pelo menos é o esperado por agora. Agora vamos buscar a confirmação da concretização desse cenário”, pondera.

Interno

Segundo José de Pádua, Gerente Técnico da Famasul, a expectativa para o último bimestre é que o consumo interno responda com maior firmeza, assim como o cenário desenhado pelo especialista da consultoria, e para que possa reverter a tendência de queda no preço da arroba. Ele também comenta que é provável uma desaceleração nas exportações.

“As razões que justificam essa expectativa estão relacionadas aos fatores que é comum para o período: aumento de emprego com as contratações temporárias e pagamento de décimo terceiro salário, que representam maior volume de recurso na economia”, projeta.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), as exportações brasileiras de carne bovina in natura se sustentaram em nível elevado em 2022. “Tem ficado acima de 200 mil toneladas em agosto e em setembro, somou quase 190 mil toneladas em outubro”, informa a nota.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que o Brasil embarcou em outubro 188,56 mil toneladas de carne bovina in natura, queda de 7,3% frente a setembro/22, mas expressiva alta de 129,42% frente a outubro/21, período cujo os envios de carne à China, maior destino da proteína nacional, estavam suspensos, e 16% acima da de outubro/20.

Neste quesito, Pádua adverte que há possibilidade de que a oferta seja reajustada nas exportações. “Mas não acreditamos que será em intensidade capaz de reverter o bom desempenho registrado até aqui. A oferta deverá reduzir seu peso à medida que o número de animais abatidos tende a ser menor no último bimestre. Isso porque é o início da safra e não haverá ainda número significativo de animais prontos para o abate”, finaliza.