Publicado em 12/07/2022 às 16:02, Atualizado em 12/07/2022 às 16:18
A exposição política deve ser evitada, já que pode prejudicar a carreira de profissionais da segurança pública
A Delegacia-Geral de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp) recomendam que servidores de segurança púlica não manifestem suas preferências político-eleitorais nas redes sociais, para não contaminar o trabalho, sobretudo em ano eleitoral.
Pensando nisso, o Correio do Estado conversou com o Delegado-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel, e com o Secretário de Justiça Antonio Carlos Videira, sobre a relação de policiais, guardas e funcionários de segurança pública com a política.
O Delegado-geral explica que “A Lei eleitoral, no que diz respeito aos sites, às contas públicas, ela tem o impedimento de qualquer tipo de publicação (em período eleitoral), esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: em relação às redes sociais, páginas e tudo mais, individuais, nós temos uma portaria da corregedoria que regulamenta essa atividade. Terceiro ponto: todo policial quando está em sua fase de formação, ou até mesmo na sua fase de atuação, no exercício da função, ele sabe que ele vai ser chamado a trabalhar em pleitos eleitorais. Então, obviamente que uma manifestação mais incisiva, mais pública ou coisa do tipo, pode levar, depois, ele a ser cobrado em uma atuação dele. Então, naturalmente, acontece nos policiais um processo de evitar esse tipo de exposição.”
Roberto Gurgel também reforça que cada profissional tem a sua opinião partidária, mas desde a formação são instruídos a tomar cuidado com as manifestações.
O Secretário de Justiça, Antonio Carlos Videira, também destacou o trabalho dos servidores da segurança pública no pleito eleitoral, e reforçou a importância de uma conduta neutra:
“O policial tem o direito a votar, a se expressar, mas antes de qualquer coisa ele tem que se lembrar que ele é um profissional da segurança pública, e que dele é exigido uma conduta diferente de outros servidores, até porque ele vai atuar na no pleito eleitoral e todo radicalismo deve ser evitado, toda a exposição desnecessária deve ser evitada. Nós temos vários servidores das carreiras da segurança pública que são candidatos, que já se manifestaram nesse sentido, e nós temos que respeitar em todas as áreas, mas principalmente discutindo ideias, projetos e afastando todo tipo de violência”.
Caso recente
Na madrugada do último domingo (10), Marcelo Arruda comemorava seu aniversário com um grupo de ao menos 40 pessoas. Durante a festa, sem ser convidado, o policial penal Jorge José Guaranho invadiu o local, armado, e ameaçou as pessoas. Segundo testemunhas, ele gritava palavras em apoio ao atual Presidente da República, como “mito” e “Bolsonaro”.
Os convidados da festa o convenceram a sair, mas ele disse que voltaria. Marcelo, por temer o retorno do invasor, foi ao carro e pegou sua arma. Pouco tempo depois, Guaranho invadiu o salão de festa novamente, com arma em mãos, e disparou contra o aniversariante. Mesmo no chão, a vítima atirou no policial penal, que também caiu.
Ambos foram levados ao hospital. Marcelo Arruda não resistiu, e seu corpo foi enterrado na tarde desta segunda-feira (11). Jorge José Guaranho segue internado, em estado grave e sob escolta policial.
Delegada afastada do caso
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná confirmou na manhã desta segunda-feira (11) que afastou a delegada Iane Cardoso da investigação sobre o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda, que foi morto a tiros pelo policial penal bolsonarista Jorge José Guaracho. Segundo informações, um dos motivos para o afastamento foi a presença de posts "anti-PT" nas redes sociais da delegada.
Com informações do Correio do Estado