Estudo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que em Mato Grosso do Sul, pessoas pretas e pardas vivem em moradias menores e com maior proporção de irregularidade.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua 2019-, fornecem uma série de elementos sobre o local de moradia – que constitui um dos principais ativos do patrimônio de muitas famílias. Um primeiro elemento, a condição de ocupação do domicílio, apresenta apenas pequenas diferenças segundo a cor ou raça da população. No estado, em 2019, 64,4% da população branca residia em domicílios próprios, proporção que era de 62,7% para a população parda e de 59,2% para a população preta. Quando considerados população preta e parda juntos, o percentual é de 62,4% com moradia própria – 4º menor percentual do país. Em uma série de outras características relacionadas à moradia, porém, existem desigualdades mais significativas por cor ou raça. Entre a população residente em domicílios próprios, 11,1% das pessoas pardas e 15,7% das pessoas pretas residiam em domicílios sem documentação da propriedade, enquanto a proporção encontrada entre as pessoas brancas era cerca de 8,6%.
Pretos e pardos enfrentam, portanto, uma situação de maior insegurança de posse e de informalidade da moradia própria.
Segundo a pesquisa, os domicílios próprios da população preta ou parda tinham cerca de um cômodo a menos que o verificado em relação à população branca. Em média, os domicílios sul-mato-grossenses próprios com pessoa responsável de cor ou raça branca tinham 6,6 cômodos, número que era de 5,6 para as pessoas de cor ou raça preta e 5,7 para as pessoas cor ou raça parda. Ou seja, pessoas de cor branca tinham moradias com um cômodo a mais que pessoas pretas ou pardas. Em suma, a PNAD Contínua mostra que os imóveis próprios da população preta ou parda eram em geral menores, apresentavam pior inserção na infraestrutura urbana e possuíam maior proporção de informalidade em relação à documentação que os imóveis próprios da população branca.
Também do IBGE, a Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2017-2018-, a mais recente, levantou, nos domicílios próprios, o valor hipotético de aluguel mensal do domicílio, segundo avaliação dos moradores. O valor médio encontrado nos domicílios com pessoas responsáveis de cor ou raça branca foi de R$ 848, enquanto nos domicílios com pessoas responsáveis pardas o valor foi de R$ 641 e de pessoas responsáveis pretas foi de R$ 626.
Na avaliação dos moradores, portanto, os domicílios das pessoas brancas valiam cerca 32,4% a mais do verificado para pessoas pretas ou pardas (R$ 639), em termos de aluguel mensal.
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