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24/06/2025 às 13:00, Atualizado em 24/06/2025 às 13:41

Pantanal lidera avanço proporcional das queimadas no Brasil com alta de 157%

Bioma teve 2,2 milhões de hectares consumidos pelo fogo, a maior alta percentual entre todos os biomas do país, segundo relatório do MapBiomas

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Foto - Divulgação Corpo de Bombeiros do MS

O Pantanal foi o bioma com o maior crescimento proporcional de áreas queimadas em 2024 no Brasil, com aumento de 157% em relação à média histórica das últimas quatro décadas. No total, 2,2 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, sendo 93% de vegetação nativa, como campos alagados, formações campestres e áreas pantanosas.

Os dados são da primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF), divulgado nesta segunda-feira (24) pelo MapBiomas, com base na nova coleção de mapas de cicatrizes de fogo do Brasil. O estudo aponta que 30 milhões de hectares do território nacional foram atingidos pelas chamas em 2024, o segundo maior índice desde 1985 — 62% acima da média histórica.

Segundo o pesquisador Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do Pantanal no MapBiomas, o avanço das queimadas foi influenciado pela seca na bacia do Rio Paraguai, área com grande concentração de vegetação natural. “Embora parte do Pantanal seja adaptada ao fogo, o mosaico de vegetação próximo aos rios é altamente vulnerável”, explicou.

Amazônia concentra maior área queimada

Apesar do avanço percentual no Pantanal, a Amazônia foi o bioma mais afetado em volume: 15,6 milhões de hectares queimados — mais da metade do total nacional. Pela primeira vez na série histórica, as florestas nativas foram o principal tipo de vegetação atingida, com 6,7 milhões de hectares consumidos, superando pastagens.

A destruição na Amazônia foi 117% maior que a média histórica e, de acordo com os pesquisadores, foi agravada pelo El Niño, que secou a região. Contudo, como o fogo natural é raro nesse ecossistema, os incêndios são atribuídos a ações humanas, principalmente ao manejo inadequado do fogo em áreas de pasto, como destacou Felipe Martenexen, coordenador de mapeamento do bioma.

Mata Atlântica e Cerrado também batem recordes

A Mata Atlântica também registrou um aumento expressivo, com 1,2 milhão de hectares queimados, o que representa um salto de 261% em relação à média histórica. Quatro dos dez municípios com maior proporção de área queimada estão no bioma: Barrinha, Dumont, Pontal e Pontes Gestal. O impacto é ainda mais grave considerando a escassez dos remanescentes florestais da região.

Já no Cerrado, o fogo atingiu 10,6 milhões de hectares, equivalendo a 35% de toda a área queimada no país em 2024, e um aumento de 10% sobre a média histórica do bioma.

Redução na Caatinga e no Pampa

Em contrapartida, a Caatinga teve queda de 16% na área queimada em relação à média dos últimos 40 anos, com 404 mil hectares atingidos. No Pampa, a redução foi ainda mais expressiva, com queda de 48%, totalizando 7,9 mil hectares queimados, bem abaixo da média de 15,3 mil hectares.

Fogo atinge vegetação nativa

Do total queimado no Brasil em 2024, 72% eram áreas de vegetação nativa. A cobertura florestal foi a mais afetada, com 7,7 milhões de hectares, um aumento de 287% em relação à média das últimas quatro décadas.

Para os especialistas do MapBiomas, os dados oferecem um panorama detalhado das queimadas e ajudam a embasar políticas públicas de prevenção e combate ao fogo. “O relatório permite direcionar com mais eficácia os esforços de combate aos incêndios”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

*Com informações da Agência Brasil

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