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12/11/2022 às 17:00, Atualizado em 12/11/2022 às 13:58

No ano mais seco em mais de três décadas, área úmida do Pantanal encolhe 76%

O estudo, feito a partir da análise de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2021, apontam que o Pantanal brasileiro vem apresentando padrões muito secos nos anos recentes

Estudo do Mapbiomas divulgado nesta sexta-feira (11) aponta que 2021 foi o ano mais seco no Pantanal desde 1985 (quando foi iniciado o monitoramento), o que fez com a área úmida do bioma encolhesse em 76%, de 6,7 milhões de hectares para 1,6 milhão de hectares.

O Mapbiomas é uma iniciativa do Observatório do Clima, co-criada e desenvolvida por uma rede multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia com o propósito de mapear anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.

O estudo, feito a partir da análise de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2021, apontam que o Pantanal brasileiro vem apresentando padrões muito secos nos anos recentes.

Conforme o Mapbiomas, nos anos mais recentes da série história, é perceptível que as cheias estão cada vez menores, tanto em termos de área quanto em duração. Em 2020 e 2021 a área alagada ficou abaixo da tendência já decrescente, com os meses mais alagados menos expressivos do que os meses mais secos dos outros anos da série.

O estudo indica que nos últimos 37 anos, a superfície de água no Pantanal passou de 2,7 milhões de hectares em 1985 para 500 mil hectares em 2021. Em 1985, 4 milhões de hectares eram de campos alagados; em 2021, era 1,1 milhão de hectares.

Nesse mesmo período, as formações campestres passaram de 1,6 milhão de hectares, em 1985, para 5,7 milhões de hectares, em 2021. As atividades agropecuárias, por sua vez, ocupavam 600 mil hectares em 1985 e 2,8 milhões de hectares em 2021. Em 1985, 6 milhões de hectares eram de floresta e savana; em 2021, eram 4,9 milhões de hectares.

“O Pantanal está sofrendo com múltiplos e simultâneos vetores de degradação locais, regionais, nacionais e globais”, explica Eduardo Reis Rosa, do MapBiomas.

“Em nível local vemos um processo de conversão de áreas naturais em pastagens exóticas. A ocupação da área do planalto, sem respeito às nascentes e áreas de proteção permanente ao longo dos rios, está afetando a quantidade e qualidade da água e causando o assoreamento nos rios da planície. Há também uma alta frequência na incidência de incêndios, que dificulta a recuperação natural do bioma. Em nível regional, temos ainda o avanço de barragens, PCHs, drenos artificiais e estradas, que estão comprometendo o fluxo das águas. Em nível nacional, vemos uma maior irregularidade do regime de chuvas gerado pelo desmatamento da Amazônia e o comprometimento de sua capacidade de bombear umidade para a atmosfera. Por fim, o Pantanal também sofre com o agravamento da crise climática”, detalha Rosa.

O Mapbiomas ressalta que a Bacia do Alto Paraguai é formada pela área de planície (o Pantanal) e as suas nascentes na área de planalto (compreende áreas do Cerrado e Amazônia). O retrato da bacia traçado pelo estudo em 2021 mostra uma grande diferença na preservação entre a planície (onde 83% da área ainda é natural) e o planalto (43%).

No planalto, inclusive, estão localizadas todas as nascentes (mais de 140 mil) dos rios que abastecem a planície.

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