Publicado em 25/08/2020 às 13:01, Atualizado em 25/08/2020 às 12:58
A ponte já caiu duas vezes.
A queda da ponte sobre o córrego Umbaracá, em Nova Andradina, em dezembro do ano passado, ganha um novo capítulo nesta semana. Após receber denúncias de um militar da reserva, a ouvidoria do Ministério Público de Mato Grosso do Sul solicitou providências da comarca da cidade sobre o caso.
Entretanto, ao receber o pedido do procurador e ouvidor do Ministério Público, Olavo Monteiro Mascarenhas de Moraes, em documento datado de 20 de agosto deste ano, o promotor Alexandre Rosa Luz, da 1ª Promotoria de Justiça se declarou sob suspeição.
“Dou-me por suspeito para tratar dessa situação e solicito que após as comunicações necessárias, encaminhe-se os autos ao substituto automático”, afirmou o promotor em despacho assinado no dia 21 de agosto.
O promotor não deu explicações sobre quais seriam os motivos da declaração de suspeição. Entretanto, a reportagem do Midiamax apurou que há relatos de estreita aproximação entre a autoridade judicial, o secretário de Obras do município, Júlio César Marques, que é seu amigo pessoal e também com o prefeito de Nova Andradina, Gilberto Garcia (PL).
“Meses antes fiz diversos alertas sobres os riscos de desabamento, sendo que todos foram ignorados pela Prefeitura de Nova Andradina. Em anexo está toda a argumentação da representação”, diz a denúncia apresentada pelo militar aposentado sobre a ponte e que consumiu mais de R$ 1 milhão.
Para reconstruir a ponte, a prefeitura terá que desembolsar mais R$ 1,5 milhão. A previsão está no Termo de Referência assinado em 20 de junho, e estabelecia um prazo de seis meses para a conclusão da obra.
Após o desabamento da ponte sobre o córrego Umbaracá, no anel viário de Nova Andradina, o prefeito decretou situação de emergência no município. De acordo com a publicação em seu perfil no Facebook, Gilberto disse que estudos realizados para a execução da obra subestimaram a violência da erosão existente naquela localidade.
“Lamentavelmente, dentre outros danos causados, a ponte construída sobre a erosão do córrego Umbaracá foi inteiramente danificada, indicando possivelmente, que os estudos realizados para a sua execução, subestimou a violência da erosão que ali se encontrava por décadas. O local, por minha determinação, estava sendo monitorado pela secretaria de Infraestrutura. ”, escreveu o prefeito na época.
Entretanto, segundo engenheiro Elias Abdo Filho, dono da IACON Engenharia de Curitiba (PR), empreiteira responsável pela construção da ponte sob o Córrego Umbaracá, no contorno rodoviário de Nova Andradina, isentou a empresa de qualquer responsabilidade e reafirmou que não haveria cobertura de garantia para refazer a obra.
O motivo, segundo ele, se deve ao fato de a queda não ter sido motivada por falhas na execução do projeto para o qual foram contratados. “O principal problema foi a concepção da ponte. Ela tinha que ter, no mínimo, de 25 a 30 metros. Pelo volume de água, é que nem você querer passar um elefante no buraco da agulha. Vai estourar em algum lugar”, comparou.
Com informações do Midiamax