Publicado em 26/07/2022 às 13:31, Atualizado em 26/07/2022 às 12:21
Em laudo médico de 2019, ele foi diagnosticado com "transtorno delirante permanente paranoide"
Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada no presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, passou por uma nova perícia médica na Penitenciária Federal de Campo Grande, nesta segunda-feira, dia 25 de julho. Os laudos dos exames, realizados por peritos da Justiça Federal, durante todo o dia, estão previstos para serem divulgados em até 30 dias.
Os peritos vão analisar a cessação ou permanência da periculosidade de Adélio Bispo, se ele ainda é perigoso e oferece riscos à sociedade. Dependendo dessa avaliação, Adélio Bispo poderá ser solto, ou não. "O prazo para o laudo pericial elaborado pelos profissionais ser juntado no processo é de 30 dias", informou a Justiça Federal do Mato Grosso do Sul.
Em laudo médico de 2019, ele foi diagnosticado com "transtorno delirante permanente paranoide", o que não permite a punição criminal. Uma nova perícia médica precisava ser feita num intervalo de três anos, o que ocorreu hoje.
Em rede social, também nesta segunda-feira, 25, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, criticou a nova perícia médica a que foi submetido Adélio Bispo, e comparou a iniciativa da Justiça com a prisão de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, o Ivan Papo Reto, detido semana passada, em Belo Horizonte, por ameaças à vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Querem libertar um esquerdista que tentou assassinar o presidente da República… por quê? Agora, chama o Lula de bobo ou diz que o partido dele tem relação com alguma facção pra vc ver", afirmou o senador.
Internação de Adélio Bispo
Em junho de 2019, na sentença contra Adélio Bispo, a Justiça Federal converteu a prisão preventiva em internação por tempo indeterminado. Pela decisão, ele deveria ficar preso na Penitenciária de Campo Grande. Na sentença, foi aplicada a figura jurídica da "absolvição imprópria", na qual uma pessoa não pode ser condenada. Como no caso de Adélio Bispo ficou constatado que ele é inimputável, não poderia ser punido por ter doença mental.
"A internação deverá perdurar por prazo indeterminado e enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade", afirmou a Justiça na sentença.
O atentado ocorreu em setembro de 2018, quando Bolsonaro participava de um ato de campanha no município mineiro. Adélio Bispo foi preso imediatamente e, no mesmo dia, confessou ter sido o autor da facada no então candidato à Presidência.
Em depoimento enviado à Justiça à época do julgamento, Bolsonaro foi indagado se, antes da facada, percebeu a aproximação de Adélio Bispo. Respondeu que não. Questionado, então, se teve tempo de se defender, também respondeu que não.
"Segundo os médicos, minha sobrevivência foi um milagre. Muito sofrimento em três cirurgias e, até hoje, sofro as consequências dessa tentativa de execução", disse o mandatário à época.