Publicado em 01/07/2025 às 16:31, Atualizado em 01/07/2025 às 16:54

Governo do Estado usa R$ 160 milhões em ramal de gasoduto para megafábrica

Com uma extensão de 125 km, as obras do gasoduto pelo traçado das rodovias MS-320 e MS-377 devem começar em maio de 2026

Redação,
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Divulgação

Com a previsão de estender um novo ramal de gás natural entre Três Lagoas e Inocência, através da Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás), o Governo do Estado deve usar R$ 160 milhões para abastecer a megafábrica da Arauco.

Distante aproximadamente 350 quilômetros de Campo Grande, a megafábrica da gigante chilena é erguida às margens do Rio Sucuriú, batizando o novo projeto da Arauco que deve entrar em operação ao final de 2027.

Ainda ontem (30 de junho) o Diário Oficial do Estado (DOE) de Mato Grosso do Sul trouxe a publicação da licitação para compra de tubos de aço carbono, para qual as empresas interessadas podem encaminhar propostas até 14 de julho.

Tal edital, para compra de tubos em aço carbono para construção de gasoduto, ficará disponibilizado no site www.msgas.com.br e no portal licitacoes-e.com.br, identificado nesse segundo sistema pelo seguinte número: 1073744.

A abertura da sessão, pelo horário de Mato Grosso do Sul, fica marcada para acontecer a partir das 10h30 do dia 14 de julho e o início da disputa está agendado para cerca de cinco horas depois.

Movimentações internas

Há um empenho na "esteira do contrato com a Arauco", que mostra o intuito da MSGás para viabilizar economicamente o fornecimento de Gás Natural Veicular (GNV), para o transporte pesado e que deve tirar do papel o plano de interiorização do gás natural no Estado.

A Diretora-Presidente da companhia, Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, considera que a parceria entre as partes trata-se justamente de um marco para o setor energético de MS e que a MSGás está preparada para atender à crescente demanda energética do setor florestal.

"Esta é a segunda parceria estratégica firmada no Vale da Celulose, somando-se à parceria com a Suzano, em Ribas do Rio Pardo. Estamos avançando no plano de interiorização do gás natural, com foco também na expansão do GNV para o transporte de carga com os corredores sustentáveis", diz em nota.

Já Fabricio Marti, diretor Técnico e Comercial da MSGás, bem especifica que o contrato representa uma aliança estratégica de longo prazo, pois trata-se de um projeto com investimentos significativos em infraestrutura e capital.

"Reafirmamos nosso compromisso de entregar soluções de alto valor agregado para nossos clientes. A nova fábrica reforça a posição do Estado como polo de desenvolvimento sustentável e inovação industrial, consolidando o Mato Grosso do Sul como o 'Vale da Celulose'".

Gasoduto e megafábrica

Com uma extensão de 125 quilômetros, as obras do gasoduto pelo traçado das rodovias MS-320 e MS-377 devem começar em maio de 2026, a partir da estação localizada na BR-158, em Três Lagoas.

Pelo cronograma interno, tal projeto abre possibilidades para expansão da rede nas regiões de Água Clara, Aparecida do Taboado e Inocência, onde será o ponto de entrega.

Esse projeto da Arauco em Inocência, abastecido com cerca de 400 mil hectares de floresta de eucalipto, tem previsão de produzir eletricidade em larga escala e em um ciclo fechado.

Vale lembrar que somente os alojamentos locais, como abordado pelo Correio do Estado, já consomem 300% mais energia que toda Inocência, conforme revelado por Paulo Roberto dos Santos, diretor-presidente da Energisa MS.

Segundo o diretor, enquanto Inocência consome 2.5 megawatts de energia, só os alojamentos já estão consumindo cerca de 10 megawatts e a fábrica está sendo erguida com base em parâmetros que prevêem capacidade de geração superior a 400 MW e aproximadamente 200 MW destinados à demanda de consumo interno.

Cabe lembrar também, conforme publicado no Correio do Estado, que Arauco e o município de Inocência buscaram distância dos operários da megafábrica, uma vez que, contrário ao previsto na concessão da licença de instalação, os trabalhadores estão alojados a cerca de 40 km de distância.

Além disso, os investimentos da Arauco já registraram um salto da ordem de 40% desde o anúncio do empreendimento, indo de US$ 3 bilhões (R$ 16,5 bilhões) na primeira etapa para US$ 4,6 bilhões (R$ 25 bilhões) no projeto Sucuriú

Atualmente Mato Grosso do Sul abriga três fábricas de celulose em atividade, sendo a da Suzano, que está em operação desde 2009 em Três Lagoas, a primeira entre as gigantes do setor.

Na mesma cidade, a Eldorado, do grupo J&F, funciona desde 2012, enquanto a terceira pertence à Suzano e fica em Ribas do Rio Pardo.

E, além do projeto da Arauco em Inocência, existem estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erguida pela Bracell, o que apesar do acordo de confidencialidade, foi também confirmada em nove de abril pelo diretor da Energisa.

Com informações do Correio do Estado