Publicado em 27/01/2024 às 08:31, Atualizado em 26/01/2024 às 20:19
A dívida tem piso de R$ 4,92 bilhões e pode chegar a R$ 49,2 bilhões
A Gol deve para entre 50.001 e 100.000 credores, mostra o pedido de recuperação protocolado no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.
O documento agora obtido pela reportagem foi primeiro publicado pelo jornal O Globo.
No topo da lista de credores com mais créditos a receber estão o banco americano BNY Mellon (dívidas financeiras), o Comando da Aeronáutica (por serviços de controle de tráfego aéreo e auxílio de navegação), a distribuidora de combustíveis Vibra (antiga BR) e a fabricante de aeronaves Boeing.
A aérea afirmou à Justiça americana o montante de credores, segundo estimativas próprias. A Americanas, por exemplo, tem 9.000 credores -a companhia supera em cinco vezes a varejista, na melhor das hipóteses.
A dívida tem piso de US$ 1 bilhão (R$ 4,92 bilhões) e pode chegar a US$ 10 bilhões (R$ 49,2 bilhões) e fica em patamar similar aos ativos da aérea.
Para comparação, os débitos da Latam em 2020 somavam cerca de US$ 18 bilhões (R$ 94,9 bilhões no câmbio atual) durante processo de reestruturação de dívida similar.
O documento entregue pela Gol aponta apenas as 30 maiores dívidas, a 27 empresas. Esses compromissos somam um débito de R$ 4,76 bilhões, na cotação atual.
O braço comercial da Boeing é a quarta maior credora, com R$ 75 milhões a receber.
Agências de risco estimam que a dívida total da Gol fique em torno de R$ 20 bilhões.
Do total da dívida da empresa, cerca de R$ 3 bilhões vencem no curto prazo (em até 12 meses). A companhia, no entanto, não teria caixa suficiente para honrar esses compromissos, segundo pessoas a par das negociações.
O problema da Gol, segundo agências de risco, não é operacional. Os resultados são positivos. No entanto, ela não tem novas garantias suficientes para trocar toda essa dívida vincenda.
No comunicado em que informou o pedido de reestruturação da dívida pelo chamado chapter 11 da lei americana, a Gol destacou que obteve um dos melhores resultados operacionais para companhias aéreas da América Latina, e o quarto trimestre consecutivo de margens operacionais altas.
"A receita operacional líquida da companhia atingiu recorde histórico de R$ 4,7 bilhões, com crescimento de 16,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, principalmente devido à contribuição significativa das receitas vindas das unidades do programa de fidelidade Smiles e das operações de carga Gollog, que cresceram juntas um total de 65,1% no 3T23 [terceiro trimestre de 2023] (vs. 3T22) e totalizaram R$ 412,6 milhões no período", diz.
A holding que controla a Gol incluiu no processo de recuperação judicial o programa de milhas Smiles (nos braços brasileiro e argentino), subsidiárias e também unidades financeiras Gol Finance -sediadas nos paraísos fiscais de Luxemburgo e Cayman- e de logística, GAC. Os fundos de investimento exclusivos Airfim e Fundo Sorriso também constam no processo.
Com informações da FolhaPress