Publicado em 05/12/2016 às 07:00, Atualizado em 05/12/2016 às 09:08

Galvão Bueno se redime ao narrar velório coletivo da Chapecoense

A cobertura da tragédia com o avião da Chapecoense fez veteranos do telejornalismo se renderem.

Redação,
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Divulgação

Sim, jornalistas de TV também se emocionam e choram. Às vezes vistos como insensíveis, arrogantes e inconvenientes, eles não passam incólumes no contato com sentimentos intrinsecamente humanos, como tristeza e compaixão.

A cobertura da tragédia com o avião da Chapecoense fez veteranos do telejornalismo se renderem às lágrimas diante das câmeras. Uma emoção genuína, isenta de oportunismo e sentimentalismo.

Repórteres da Globo com experiência em relatar tragédias, como Ari Peixoto, Helter Duarte, Alberto Gaspar e Ricardo Von Dorff, choraram no ar; e não precisariam fazer diferente, já que a emoção não compromete o bom jornalismo, ainda mais em situações extremas como agora, quando a empatia prevalece.

Galvão Bueno, âncora da transmissão da chegada dos caixões ao Brasil e dos velórios, anulou os exageros típicos de seu estilo e fez a narração de maneira discreta e respeitosa.

Em alguns momentos emocionou-se a ponto de ficar com a voz embargada. Chorou quando as arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó (SC), cantaram em coro “o campeão voltou, o campeão voltou”.

“Eles (os jogadores e dirigentes) estão de volta ao seu principal campo de batalha. Nossos meninos voltaram pra casa”, disse Galvão, que comparou este momento lúgubre ao luto coletivo suscitado em 1994 pela morte de Ayrton Senna, amigo pessoal do locutor.

Galvão soube respeitar o silêncio necessário em alguns trechos do cortejo e do funeral no estádio: “As imagens são mais fortes e contundentes do que qualquer discurso”.

O principal nome do jornalismo esportivo da Globo revelou um desejo: “Quero o mais rápido possível narrar a volta da Chape lá na Arena Condá”.

Quando foi exibida a chegada dos caixões do repórter Guilherme Marques e do produtor Guilherme Van der Laars na sede histórica do Botafogo, no Rio, ele se emocionou novamente.

“Que Deus os abençoe, queridos companheiros. (…) Em nome dessa casa (a TV Globo), obrigado pela dedicação, pelo esforço, pela competência, por tudo o que vocês fizeram.”

Galvão Bueno citou o filósofo grego Aristóteles ao comentar as homenagens aos mortos no desastre com a aeronave da LaMia. “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”

Às 15h, no encerramento da transmissão na Globo, o narrador deixou um recado aos telespectadores: “Vida que segue, sim, mas uma nova vida, repleta de respeito e solidariedade. Seremos diferentes, seremos melhores a partir de hoje”.

Fonte - Terra