Publicado em 19/06/2024 às 11:00, Atualizado em 19/06/2024 às 11:13
De janeiro até agora, 338.675 hectares do bioma em MS foram atingidos e cenário é de devastação
Este ano, o fogo já consumiu 338.675 hectares do Pantanal em Mato Grosso do Sul, área que equivale a 313,5 mil campos de futebol. Somente na região da Serra do Amolar foram 114,97 mil hectares. Os focos se intensificaram este ano, por conta da estiagem iniciada antes do período regular e escassez de água: a última chuva no bioma foi registrada em abril, segundo o Campograndenews.
Os dados referem-se ao período de 1º de janeiro a 16 de junho e fazem parte do relatório elaborado pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS), com base em informações da Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélite) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O relatório será abordado esta manhã, durante oficina do MMA (Ministério do Meio Ambiente) com representantes dos governos de MS e MT e do Corpo de Bombeiros dos estados, para identificar as prioridades e articulação de ações do campo. O encontro está sendo realizado em Campo Grande e outros dois ainda serão organizados, em MT e Brasília.
Em comparação a 2023, os números mostram o quanto a situação é alarmante. Naquele ano, em igual período, foram 17.050 hectares queimados no Pantanal, o que representa, atualmente, em alta de 1.886,4%.
Em 2024, foram detectados 1,5 mil focos de calor e, em 2023, foram 81 focos, conforme os dados apresentados. Atualmente, os municípios de Corumbá, Aquidauana e Porto Murtinho concentram 96,8% dos focos de incêndio no Pantanal.
Os incêndios consumiram 27,3 mil hectares dos territórios indígenas do Pantanal e no Cerrado enquanto que, no ano passado, não passou de 150 hectares. Nas unidades de conservação, foram 15,42 mil hectares. Em 2023, foram 250 hectares.
A ação humana continua sendo o principal problema na região. O meteorologista da Cemtec, Vinícius Sperling, disse que é importante que as pessoas não coloquem fogo nas áreas, por conta da situação climática extrema. O inverno tende a ser mais quente e mais seco, um combo perigoso e altamente inflamável.
Em entrevista anterior ao Campo Grande News, o biólogo Gustavo Figuerôa falou sobre a devastação que presenciou no Pantanal durante o combate aos incêndios da Brigada Alto Pantanal na Serra do Amolar. Um dos focos, por exemplo, foi iniciado por ribeirinho que tentava coletar mel em área privada e colocou fogo para espantar as abelhas.