Publicado em 11/11/2022 às 15:05, Atualizado em 11/11/2022 às 12:17
Segundo relatos da família, Mariana Sousa Bustamante morava em um apartamento com outros dois estudantes brasileiros da mesma universidade boliviana
Uma estudante brasileira de 21 anos foi encontrada morta na madrugada da última segunda-feira, dia 07 de novembro, na cidade de Cochambamba, na Bolívia, onde cursava o 6° período do curso de Medicina.
Segundo relatos da família, Mariana Sousa Bustamante morava em um apartamento com outros dois estudantes brasileiros da mesma universidade boliviana, a Unifranz. Na noite de domingo (6), ela foi deixada sozinha pelos dois colegas – uma mulher e um homem da mesma faixa etária - que saíram supostamente para uma festa.
Ao retornarem ao apartamento no 6º andar, por volta de 2h50 da manhã de segunda (7), no horário da Bolívia, encontraram a sacada do apartamento aberta e o corpo de Mariana no pátio do prédio.
Segundo a mãe da vítima, Juliane Sousa, a colega imediatamente ligou para a família da estudante no Brasil e foi orientada a pedir socorro.
Apesar da presença dos paramédicos e da polícia, Mariana não resistiu. A mãe afirma que a jovem havia conversado com a família no mesmo domingo (6) e estava bem e feliz.
“No domingo, a Mariana estava muito bem. Ligou para a avó e a família por chamada de vídeo e estava muito feliz porque tinha se inscrito para trabalhar na Cruz Vermelha [boliviana]. Conversou com todo mundo e estava em paz e muito bem. Nesse dia, os três estudantes estavam em casa, almoçaram juntos”, disse a mãe.
Juliane contou que Mariana e a amiga moravam inicialmente juntas e que o terceiro estudante passou a integrar a república um mês antes do episódio.
“A principio moravam só a Mariana e a amiga do Acre. Depois entrou o outro menino, que morava lá há cerca de um mês. Após a chegada dele, a Mariana começou a narrar que a relação das duas piorou. E inclusive dizia que iria voltar para o Brasil. Na noite da morte, os dois chegaram a ser presos pela polícia, porque a morte foi registrada como crime suspeito. Mas eles foram libertados horas depois, após a polícia verificar as imagens do prédio e conferir os álibis da festa”, contou.
A mãe de Mariana disse que se sente agoniada, porque, uma vez na Bolívia para tratar da transferência do corpo da filha para o Brasil, prestou depoimento no Departamento de Polícia de Cochabamba, mas não teve acesso ao Boletim de Ocorrência para entender o que de fato aconteceu naquela madrugada.
“Prestei depoimento sobre minha relação com a Mariana, mas na delegacia não fui informada de nada. Apenas que se tratava de uma investigação de suspeita de homicídio. Soube que o colega de apartamento dela apresentava supostamente sinais de embriaguez e uso de drogas naquela madrugada, assim como a menina do Acre que também foi presa e teria bebido. Os dois estão em [prisão] domiciliar e proibidos de deixar a Bolívia por seis meses. Mas eu quero saber se houve alguma briga, alguma coisa naquela noite que pudesse ter levado alguém a matar a minha filha”, declarou Juliane.
A família de Mariana contratou nesta quarta-feira (9) um advogado criminalista boliviano para poder ter acesso ao inquérito policial e entender o que está sendo investigado pelas autoridades de Cochabamba.
De volta ao Brasil
O corpo da estudante chegou ao Brasil na tarde desta quinta-feira (10) e deverá ser velado e sepultado nesta sexta-feira (11), no Cemitério Parque Hortolândia, em Hortolândia, interior de São Paulo.
“Preciso muito que as autoridades, o Itamaraty, todo mundo nos ajude a esclarecer o que aconteceu com a minha filha. Ela era uma pessoa pacífica, do bem. Feliz. É preciso esclarecer se houve alguma briga, alguém que entrou no apartamento e fez isso com ela. Ou se algum uso de droga, alguma substância motivou ela a pular da janela”, disse a mãe.
“Tudo está muito nebuloso. Não falo espanhol e, portanto, não tive o apoio necessário da embaixada para me acompanhar à Polícia no depoimento. No IML encontrei o estudante que morava com a Mariana. Ele tinha marcas suspeitas no rosto. Nosso advogado até questionou porque ele foi liberado da prisão sem que isso fosse esclarecido como aconteceu. É urgente que a gente tenha respostas”, desabafou a mãe de Mariana.
O que dizem as autoridades
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que, por meio de nota, afirmou que “está em contato com familiares da nacional falecida e instruiu o Consulado-Geral do Brasil em Cochabamba a prestar a assistência cabível à família, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local”.
O órgão afirmou, porém, que não pode passar detalhes da situação dos estudantes que são investigados pelas autoridades bolivianas.
“Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos familiares diretos. Assim, o MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, disse a nota do Itamaraty.
As autoridades bolivianas também foram procuradas, mas não responderam os questionamentos, segundo o Portal G1.