Publicado em 20/07/2021 às 13:03, Atualizado em 20/07/2021 às 11:48
Um dos principais problemas nas rodovias de Mato Grosso do Sul é a morte de animais silvestres
Um dos principais problemas nas rodovias de Mato Grosso do Sul é a morte de animais silvestres. Dados levantados pela Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado, tomando em conta 600 quilômetros de estradas que são monitorados entre Bonito e Aquidauana, revelam que por mês de 45 a 50 animais morrem vítimas de acidentes.
O que os números não mostram é que, além das mortes desses animais silvestres, o que já é um fator muito grave, considerando que estamos tratando muitas vezes de animais em risco de extinção, como os tamanduás bandeiras, os acidentes podem ocasionar óbitos humanos, diante da colisão.
Para mitigar as mortes no trânsito, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Agesul/Seinfra, desenvolveu o programa Estrada Viva, um programa permanente de monitoramento e ações de redução de atropelamento de animais silvestres nas rodovias MS-040, MS-178, MS-382 e BR-359.
O programa “Estrada Viva”, desenvolvido desde 2016 em parceria com o Centro de Estudo em Meio Ambiente e Áreas Protegidas daUniversidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Cemap/UEMS), cataloga as espécies atropeladas e identifica os principais pontos de passagem dos animais para propor medidas preventivas e de mitigação dos incidentes.
Agora, diante da necessidade dar mais assertividade, Riedel decidiu, além de ampliar o alcance do programa, e inseri-lo ‘literalmente’ no DNA dos projetos de infraestrutura que envolvem estradas e rodovias. “É importante que haja a união entre a instituição pública e iniciativas privadas, como as ONG’s – Organização Não Governamentais - que nos procuraram para apresentar este conceito ecologia de estrada”.
Riedel refere-se ao encontro entre os representantes de diversas ONG’S que atuam na defesa da fauna e flora da região da Serra Bodoquena, entre eles Fernanda Delborgo Abra (Viafauna Estudos Ambientais LTDA); Angela Kuczach (da Rede Nacional Pró-unidades de Conservação); Juliana Camargo de Oliveira (Ampara Animal); Raquel Menezes Vieira Machado (Instituto Raquel Machado); Arnoud Desbiez (Projeto Tatu Canastra); Felipe Dias (Instituto SOS Pantanal); Yolanda Prantl Mangieri (Neotrópica do Brasil e o grupo Unidos Serra da Bodoquena) e Maurício Forlani (Ampara Animal).
Riedel decidiu, portanto, pela retomada e ampliação do projeto, a construção de um grupo de trabalho para inserção dessas organizações no Estrada Viva e a inserção da iniciativa nos próximos projetos de infraestrutura do Governo do Estado. “Estamos em um Estado onde um dos nossos maiores ativos é a sustentabilidade, água e a pegada do carbono. Esses três vetores nos dão um potencial econômico e ambiental, conciliando o interesse econômico com a preservação. É totalmente possível”, acrescentou Riedel.
O secretário acrescenta ainda que é um projeto que tem como finalidade implantar a ecologia de estrada para salvar vidas, animais e humanas. “Por isso vamos internalizar e inserir como premissa nos projetos da Agesul o Estrada Viva. Com todos os elementos necessários para mitigar, de fato, os acidentes nas estradas que envolvem animais. Não podemos terminar um projeto sem isso. Vai além de Bonito e da Serra da Bodoquena, vamos ampliar para todo o Estado. Vamos começar de onde temos informação, como a MS-040 que está mapeada inteiramente, pela equipe do Estrada Viva”.
Participaram ainda do encontro o professor da UEMS, Afranio José Soriano, o geólogo e diretor de Meio Ambiente e Trabalho da Agesul, Pedro Celso de Oliveira Fernandes; a assessora jurídica da Seinfra, Maria Fernanda Balestieri, o procurador do Estado, Jaime Caldeira Jhunyor, e o diretor-presidente da Agesul, Emerson Antonio Marques Pereira.
O professor Afrânio apresentou ainda o andamento das etapas já desenvolvidas pelo projeto e as novidades como o site novo, o aplicativo, entre outras iniciativas. “Hoje monitoramos as MS 040, 382, 345, 178, 450 e 359, mais de 600 quilômetros. Nossa iniciativa vai desde o monitoramento, até a educação ambiental, passando pela implementação de uma Política de Estado, criando justamente um fórum que una gestores, o judiciário e as ONG’s, entre outros”.
Para o reitor da UEMS, Láercio Alves de Carvalho, o Estrada Viva é um projeto estratégico para a comunidade científica: “Parabenizamos aos envolvidos neste novo momento do Estrada Viva. Para a UEMS, esta iniciativa é fundamental para nossos pesquisadores e especialistas que podem auxiliar tanto o Governo como a população, na preservação da fauna”.
Para Angela Kuczach, o encontro foi absolutamente positivo. “Ficamos muito bem impressionadas com a receptividade tanto do presidente da Assembleia, deputado Paulo Correa, quanto do secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel, que rapidamente entendeu a oportunidade que estamos oferecendo ao Estado do Mato Grosso do Sul – a de solucionar um problema grave de forma inovadora e estratégica, onde todos têm a ganhar”.
Representando o grupo, ela acrescentou: “Eduardo Riedel, sendo biólogo de formação e secretário de Infraestrutura, com certeza têm uma leitura completa do cenário e um claro entendimento de quantas perdas podem ser evitadas, tanto em vidas humanas, quanto de animais e danos financeiros ao cidadão e também ao Estado, por meio das medidas que estamos propondo. Ficou muito claro durante o encontro quanto nossa proposta vai de encontro a vontade da própria Secretaria de Infraestrutura e do Governo do Estado, de se posicionar de maneira pró ativa e vanguardista em defesa de um dos seus maiores ativos, a biodiversidade sul mato-grossense”, declarou.