Publicado em 12/12/2023 às 14:50, Atualizado em 12/12/2023 às 16:03
De acordo com o Censo Demográfico de 2022, Mato Grosso do Sul possui a terceira maior população indígena do país
Miller Borvão, professor na Escola Municipal Indígena Mbo’eroy Guarani Kaiowá, trabalha com futsal feminino e atletismo, na aldeia Amambai. Beneficiário do Programa Povos Indígenas: Esportes Lazer e Cidadania, Miller lembra que o projeto incentivou os jovens a participarem destes esportes, e hoje ele treina mais de 100 atletas.
O programa “Povos Indígenas: Esportes, Lazer e Cidadania” é uma iniciativa do Governo de Mato Grosso do Sul, com coordenação da Fundesporte e Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), que tem como objetivo fomentar a prática esportiva, abrangendo pessoas de todas as idades nas aldeias, de forma organizada e sistematizada.
“Esse ano foram entregues materiais que beneficiaram todas as comunidades. Compraram várias bolas, materiais que serão utilizados aqui na aldeia. Temos atividades aqui dentro, esse programa do governo ajudou muito para avançar mais. Ajudou a incentivar a prática das atividades. O grupo que não tinha material, recebeu bola de futebol, futsal, vôlei, redes, uniformes e coletes. Com isso, teve aumento de participantes nas escolinhas de futsal e futebol”, relata o professor Miller.
Ao todo, já foram investidos R$ 3,1 milhões, sendo R$2,74 milhões do Fundo de Investimentos Esportivos e R$ 408,4 mil de contrapartida municipal. Investimentos como do atletismo, onde Miller e seus alunos também receberam materiais de qualidade, como dardo, disco, martelo, peso, bloco de partida e sapatilha específica para provas de pista. Com isso, ele viu o número de participantes aumentar nesta modalidade também. “Melhoraram os resultados nas competições. Agora, os atletas da escola participam de vários campeonatos estaduais e nacionais. Se não fosse esse programa ia ser difícil de conseguir, sabemos que é tudo caro”.
Um dos atletas do professor Miller é Higor Ricarte, indígena da etnia Guarani Kaiowá, que está no atletismo e no Programa Povos Indígenas desde os 15 anos. Hoje, aos 18, ele exalta que, com equipamento de qualidade para treinar, conseguiu melhorar seus resultados na prova de lançamento de disco.
“Hoje em dia temos equipamentos aqui que antigamente não tínhamos e, no meu dia a dia, isso é importante, melhora muito. Temos equipamentos para os pequenos também treinarem e, até mesmo, os adultos. Assim temos desempenho melhores”.
O jovem atleta começou no projeto em 2018, quando ainda estudava na 5ª série. Ele conta que seu interesse pelo esporte surgiu após ver alunos mais velhos treinando com o professor Miller. “Eu fui lá, primeiro me testaram nos saltos em distância, nas provas de velocidades, mas vi os lançamentos de disco e de dardo e gostei muito das provas dos lançamentos. Procurei me aprofundar mais nessa modalidade de atletismo, fui treinando e, no mesmo ano, tive a oportunidade de competir no sub-16, que foi a minha primeira competição, onde me consagrei campeão”.
Aos poucos, Higor vai colecionando momentos marcantes em sua trajetória no esporte. Alguns capítulos desta história ele já escreveu participando de competições nacionais, como os Jogos Brasileiros das categorias de 12 a 15 anos, em Blumenau (SC), Campeonato Brasileiro sub-18, em São Paulo, e Campeonato Brasileiro sub-20.
Investimento no esporte dos indígenas
De acordo com o Censo Demográfico de 2022, Mato Grosso do Sul possui a terceira maior população indígena do país, com 116,3 mil habitantes. O programa do Governo do Estado atende mais da metade deste número, sendo 72,8 mil indígenas em 91 aldeias de 23 municípios.
Em 2023, o Governo de Mato Grosso do Sul obteve 30 convênios para realização de eventos esportivos, desde palestras até campeonatos, de diversas modalidades, totalizando R$7,9 milhões em repasses. A secretária-adjunta da Setescc, Viviane Luiza, relatou como o esporte auxilia a população indígena.
“Além de proporcionar benefícios físicos e mentais, a prática esportiva é uma ferramenta poderosa para preservar e fortalecer as tradições culturais das comunidades indígenas. Ao investir no desenvolvimento esportivo, estamos não apenas promovendo a saúde, mas também celebrando e respeitando a diversidade cultural única de nossos povos originários e fomentando o coletivo. E projetos como esse que pautam a transversalidade entre as pautas promovem a inclusão e o fortalecimento das ações positivas através do respeito e a valorização da rica diversidade que compõe nosso estado”.
Fernando Souza, Subsecretário de Estado de Políticas Públicas para a População Indígena, falou como o programa tem ajudado esta população. “O governo garantiu um recurso para que pudesse ser aplicado especificamente dentro do território com as populações indígenas, envolvendo crianças, jovens e adultos na prática de esporte e lazer, garantindo também a aquisição de insumos e materiais esportivos para que essa população, esse público, pudesse ter mais dignidade e materiais bons para a prática dessas atividades, além da contratação de professores e agentes de esporte, que pudessem então auxiliar as comunidades na organização e na execução de diversas atividades. Isso com certeza mexeu de forma positiva com a comunidade”.