Publicado em 16/11/2016 às 19:05, Atualizado em 16/11/2016 às 18:08
A pesquisa mostra que, na média, a escolaridade e o salário dos filhos são maiores quando os pais têm nível superior completo e empregos melhores.
O nível educacional e de renda dos pais influencia a trajetória profissional e o salário dos filhos, segundo um estudo divulgado na manhã desta quarta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A pesquisa mostra que, na média, a escolaridade e o salário dos filhos são maiores quando os pais têm nível superior completo e empregos melhores.
O estudo foi feito com dados coletados na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) em 2014. Segundo o IBGE, os rendimentos médios das pessoas sem instrução aumentam, em geral, conforme é maior o nível de instrução do pai ou da mãe.
Por exemplo, o rendimento de uma pessoa de 25 anos ou mais, sem instrução, variava R$ 1.607 dependendo do nível educacional do pai:
Pai sem instrução: rendimento era de R$ 717;
Pai com nível superior completo: rendimento era de R$ 2.324.
Segundo o IBGE, o aumento é visto em quase todos os níveis de instrução.
A análise dos dados mostra "a importância da escolaridade do pai no rendimento médio dos filhos, independentemente do nível de instrução destes", de acordo com a pesquisa, e que essa importância também é observada no caso das mães.
Renda dos pais influencia educação dos filhos
A pesquisa não levantou dados de rendimento dos pais, o que seria outro fator de influência para o sucesso profissional do filho.
Flávia Vinhaes, analista do IBGE, afirma que estudos indicam há uma "forte correlação" entre a renda e o nível de escolaridade do pai.
Pais que têm melhores condições financeiras, em geral, podem dar aos filhos mais acesso a fontes de educação. Não apenas pagando sua educação formal, com escola e faculdade, mas outras oportunidades culturais, como livros e viagens, por exemplo. E que isso também influencia o sucesso profissional desse filho.
Vinhaes afirma que essa correlação entre a renda do pai e o sucesso do filho, porém, não invalida a conclusão do estudo, de que o nível de escolaridade do pai influencia a carreira do filho, também.
O estudo afirma que o desenvolvimento adquirido com a escolaridade explica somente parte do sucesso econômico. Ele cita como outros fatores importantes o "acesso à cultura e aos estímulos intelectuais, bem como o crescimento em ambientes que favoreçam o desenvolvimento cognitivo".
Os pesquisadores ressaltam que, de qualquer forma, há uma correlação entre anos de estudo e ganhos salariais.
Escolaridade dos filhos
Nas famílias em que os pais possuíam no mínimo o diploma da faculdade, 69,1% dos filhos também conseguiram terminar a graduação.
Esse percentual cai muito nas famílias em que o pai não é alfabetizado. Nelas, apenas 4% dos filhos conseguiram completar o ensino superior.
Segundo o estudo, 51,2% do total de pesquisados conseguiu ultrapassar o nível de instrução de seus pais.
Ascensão
A pesquisa também mostra que 47,4% das pessoas possuem ocupações melhores e 33,4% exercem os mesmos tipos de atividade profissional na comparação com seus pais, o que representa uma "mobilidade sócio-ocupacional ascendente", segundo o IBGE.
Outros 17,2% ocupam postos de trabalho com rendimento menor e vulnerabilidade maior em relação aos pais, numa trajetória descendente, de piora, de uma geração para a outra.
Vínculo empregatício
A pesquisa indica que quem entrou mais cedo no mercado de trabalho é, na maioria das vezes, filho de profissional sem carteira de trabalho assinada ou que atua por conta própria.
Entre os trabalhadores sem carteira assinada, quase a metade dos filhos começou a trabalhar antes dos 13 anos: 46,6%. Outros 35,9% tiveram o primeiro emprego antes de completar 18 anos.
O percentual de quem teve pai empregado com carteira assinada e começou a trabalhar antes dos 13 anos é menor, de 19,9%.
Os filhos de quem trabalhava por conta própria também começaram jovens no mundo do trabalho: Ao todo, 79,7% iniciaram a vida profissional antes dos 18 anos.
O estudo, chamado suplemento Mobilidade Sócio-Ocupacional, foi feito em convênio com o então Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e tem o objetivo de avaliar o programa Brasil sem Miséria, lançado em 2011. Ao todo, foram entrevistadas 77.281 pessoas.
Fonte - UOL