Publicado em 04/05/2023 às 06:08, Atualizado em 03/05/2023 às 17:57
Ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de mandado de busca e apreensão pela PF, que investiga fraude no sistema
O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta terça-feira (3) que ele e a filha, de 12 anos, não tomaram a vacina contra a covid-19. Bolsonaro alegou que não houve fraude nos cartões de vacinação dele e da família, fato que é investigado pela PF (Polícia Federal).
Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão pela PF, que investiga se o ex-presidente e auxiliares adulteraram informações no sistema do Ministério da Saúde para obter cartão de vacinação com doses que não foram aplicadas.
Conforme o portal g1, a fraude nos cartões ocorreu em 21 de dezembro do ano passado, oito dias antes da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos. Após o lançamento de dados no ConecteSUS, é possível gerar um comprovante de imunização. Os dados foram retirados do sistema seis dias depois da inclusão.
Em entrevista após a operação da PF na casa em que mora em Brasília (DF), Bolsonaro alegou que não foi solicitado cartão de vacina para entrar em “lugar nenhum”. Ele também afirmou que não houve fraude.
A exigência de vacinação contra covid-19 ocorre nos EUA. A apresentação de comprovante deixará de ser obrigatória em 11 de maio de 2023, conforme anunciado pelo governo estadunidense.
“Não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso", disse. "O que eu tenho a dizer a vocês? Eu não tomei a vacina. Uma decisão pessoal minha [...]. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado, ela tomou a vacina nos Estados Unidos, da Janssen”, completou.
Bolsonaro disse ter se surpreendido com a operação e também mencionou o fato de a filha não ter tomado o imunizante. “Minha filha, de 12 anos, não tomou a vacina também, tem laudo médico no tocante a isso [...] no resto, eu realmente fico surpreso com a busca e apreensão por esse motivo. Eu não tenho mais nada a falar”.
Fraude - A suspeita de adulteração indica que o cartão de vacinação de Jair Bolsonaro teve o registro de dose supostamente aplicada em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ). A segunda, supostamente aplicada em 14 de outubro, foi no mesmo estabelecimento de saúde.
Os dados, segundo os investigadores, apenas foram inseridos no Sistema de Informações do PNI (Programa Nacional de Imunizações) em 21 de dezembro, pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.
Em 27 de dezembro do ano passado, as informações foram excluídas do sistema por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob alegação de "erro".
A operação desta quarta-feira foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PF. A ação faz parte do inquérito das "milícias digitais", que já tramita na Corte.
Na casa do ex-presidente, agentes da corporação apreenderam o celular de Bolsonaro.
Os policiais também prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outros cinco suspeitos de ilegalidades.
São eles o sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid; o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros; o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial; o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro; e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.
Segundo a PF, as condutas investigadas podem configurar, em tese, crimes como infração de medida sanitária preventiva; associação criminosa; inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.