Publicado em 09/05/2023 às 15:30, Atualizado em 09/05/2023 às 13:05
Por - Wilson Aquino
Embora o regime democrático seja o melhor do mundo, especialmente devido às liberdades do povo, de ir e vir, de expressão, de estudar e se especializar na profissão que bem entender, o capitalismo, que dele faz parte, precisa ser aperfeiçoado para ser mais justo na relação profissional. Evoluir da ultrapassada relação “patrão/empregado” para a moderna e valorizada condição de “empreendedor/colaborador”.
Os tempos são outros. Modernos, dinâmicos e participativos. Exigem que a segunda parte dessa fabulosa engrenagem (que juntas geram todas as riquezas econômicas da nação) receba não só o devido respeito e consideração, mas também e principalmente, uma melhor remuneração pelos relevantes serviços prestados no dia a dia.
O colaborador faz jus a um recebimento financeiro digno e a outros benefícios, por conta de seu indispensável e produtivo desempenho.
O empreendedor precisa abandonar o velho, injusto e egoísta sistema de remuneração pelo serviço prestado pelos seus colaboradores. Não basta a aplicação da lei que estabelece pisos e salários mínimos. Ser justo é pagar dignamente aquilo que se recebe na indústria, no comércio, nos serviços, em qualquer setor. O mínimo pode até ser legal, porém é imoral por seguir longe dos patamares ideais e possíveis de serem retribuídos aos bons profissionais.
O mundo deixou o regime de escravidão há muito tempo, no qual o homem um dia teve a coragem de dominar e aprisionar seu semelhante para o obrigar a trabalhar gratuitamente para ele, sob pena de ser chicoteado, espancado e até morto pela desobediência.
Se o mundo acabou com o escravagismo, o que dizer de um regime que persiste em continuar a exploração do trabalho alheio, no qual o “patrão” paga o mínimo a seu empregado? Não se vê grande evolução nessa segunda etapa na qual a maioria do empresariado brasileiro ainda se enquadra.
Por que não pagar salários dignos ao colaborador? Salários Justos e equivalentes ao que realmente valem seus serviços?
Como pode um empreendedor ganhar milhões às custas de seus colaboradores e retribuir-lhes com migalhas? Longe de endossar ou pactuar com aqueles que pregam o estabelecimento de outro regime para o país para se corrigir as injustiças econômicas e sociais, mas fazer justiça com aqueles que nos servem é um dever sagrado. Sim! Isso mesmo, sagrado! Duvida?
Veja então o que o próprio Senhor fala a respeito da relação trabalhista:
“Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário de seu trabalho” (Jr. 22:13)
Em Tiago (5:4) Ele continua enfático: “Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos”.
Observe que o Senhor adverte o empregador para que seja justo com seus funcionários e prestadores de serviços. A avareza, o egoísmo e a ganância dificultam o homem de enxergar isso e de evoluir como pessoa, como cidadão, como Cristão. Esses obstáculos precisam ser quebrados para que eles entendam que pagar bem seus colaboradores não é nenhum favor é uma obrigação que deveria ser feita com amor, respeito e consideração.
Precisa entender também que nesses tempos modernos, bens materiais como automóveis, casa confortável e boas escolas para os filhos, viagens de férias e boa alimentação às famílias de seus servidores não são mais considerados um “luxo” (privilégio de poucos), mas um direito e necessidade (comum) de todos.
Algumas empresas no Brasil já deram um grande salto de evolução, ao passarem a adotar em seus estatutos e nos contratos trabalhistas, a “Participação no lucro da empresa”, além de estabelecerem salários mensais dignos, e outras vantagens que só estimulam a dedicação ao trabalho.
Em troca, as empresas ganham na produção e na produtividade, pois colaboradores satisfeitos desempenham um papel extraordinário no exercício das suas funções. São mais criativos, determinados e dão ritmo ao bom desempenho de toda engrenagem. Lamentável apenas que essa consciência ainda é de bem poucos empreendedores.