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22/07/2022 às 17:00, Atualizado em 22/07/2022 às 14:57

ARTIGO: Ela pode ser complexa

Por - Professora Rosalina Ramos Lopes

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Professora Rosalina Ramos Lopes

No livro Pedagogia da Esperança de Paulo Freire, nota-se que a ESPERANÇA do verbo esperançar não é esperar. O autor a enfatiza o ato de não se acomodar, mas ir além, almejar e acreditar nas oportunidades sem medir esforços. No entanto, ELA pode ser complexa se usá-la como “ESPERA” de maneira tal ou motivo para justificar o falta de atitude. É comum ouvir a frase “A esperança é a última que morre”, se for do verbo esperançar, está tudo certo, porém o contrário disso pode ser analisado. Às vezes, a pessoa tem a falsa sensação que a mudança dela ou de alguém está na espera, de fato um engano lamentável, pois não há mudança sem atitudes e sem atitudes não há recomeço. Tudo isso pode favorecer o isolamento quando está sozinha ou mesmo convivendo com outras, que na perspectiva de Aristóteles é na solidão que se cria ‘deuses e bestas’. Desse modo, pode resultar na falta do bom relacionamento, no isolamento pessoal que posteriormente acaba em solidão e na baixa autoestima lugar privilegiado de não se esperançar.

Tudo pode ser diferente, se deixar de acreditar como verdade absoluta nas seguintes frases: “Espero que mude; Que resolva; Que acabe; Não posso; Tenho medo, enfim, dentre tantas outras. Essas, são naturalmente empregadas e nelas não há mudanças, justificam-se o descrédito para alcançar ou resolver alguma coisa. Justamente o sentido empregado por Freire que esperança do verbo esperar, não é ir atrás, é ESPERA extremamente complexa, pois dificulta fazer de outro modo. Por conseguinte, nessa perspectiva vive uma sociedade que acredita em mudança política, social, religiosa, nos relacionamentos e familiar, mas pouco faz para que isso ACONTEÇA. Talvez por ser dominada ou por falta de autoconhecimento mesmo, nesse sentido, há sempre tempo de atuar, como nos versos da canção de Vandré “Vem, vamos embora, que esperar não é saber; Quem sabe faz a hora não espera acontecer.”

Dessa maneira, esperançar é o caminho mais apropriado para mudar, pois ela proporciona encarar os desafios, não desistir, dialogar, superar fracassos, agir como sujeito fundamental na formação de uma consciência crítica e autônoma. Enfim, essa autodeterminação impulsiona o direito de lutar consciente contra a opressão e em favor da vida e da liberdade física, intelectual e moral. Concluo com as palavras de Freire: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E ter esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.”

Sobre a autora

Rosalina Ramos, é formada em Letras pelas FINAN/FALENA, Pedagogia FINAN/ FENA e Psicopedagogia IESNA, Pós-Graduação em Deficiência Auditiva: Tradução e Interpretação em Libras IESF, subárea Análise do Discurso, pela UEMS.

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