A educação no Brasil desde a chegada dos portugueses no início do século XVI esteve por conta dos pensamentos religiosos, foi com esse intuito que os ibéricos denominaram os povos originários como sem f,l,r, ou seja, tais índios como passaram a chamar quem residia na terra, eram os gentios, termo dado lembrar um povo sem fé, sem lei e sem rei e deviam ser domesticados, catequisados, preparados para servirem a coroa portuguesa, sobretudo, para atuarem em nome de (D)deus entregando madeiras que podiam produzir um corante vermelha a ser usado na tintura de tecidos na Europa (Vainfas, 1995).
No decorrer do século XVI até o XVIII é possível percebermos uma educação religiosa, a qual os portugueses recorriam para explorarem os povos originários e ainda mais, escravizarem pessoas vindas do continente africano com a cor da pele preta e segundo uma ideia da racialização, foram considerados inferiores aos europeus e por isso deveriam servi-los enquanto mão de obra especialmente nos engenhos de cana-de-açúcar, importante para tal situação lermos, Luiz Felipe de Alencastro, “O trato dos viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII”, (São Paulo: Companhia das Letras, 2000, 525 p.) em que o historiador mostra que a colonização portuguesa, baseada no escravismo, deu lugar a um espaço econômico e social bipolar, englobando uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola, considerando que boa parte desse trabalho era feito com a anuência da instituição Igreja Católica.
Não é nosso intuito aqui mostrar os males causados pela instituição religiosa, mas, valorizar a historiografia brasileira colocando em tela, como a educação nos 520 de terras brasis sempre esteve volta a características religiosas, apresentando-se cada vez mais a serviço dos senhores de escravo, de engenho, do algodão, do fumo, no século XX aos senhores do Café e transitando para a atualidade, podemos dizer tranquilamente a serviço dos grandes latifundiários do gado, do eucalipto, da soja, do milho, e, claro, dos industriais e banqueiros, podendo citarmos Fundação Bradesco, Fundação Itaú, Natura, Instituto Ayrton Senna, Fundação Lemann, haja vista, a reforma do Ensino Médio, mais precisamente, o Novo Ensino Médio.
Essa extensa introdução para texto de jornal on-line, tem por necessidade considerar outro texto exposto nessa mesma mídia, chamando determinada quantia de professores de doutrinadores e que grande número de reclamações tem havido por parte dos pais quanto ao posicionamento docente em sala de aula, isso não nos preocupa, pois é sabível que professor não consegue doutrinar aluno, no entanto, é um ato horrível pessoas tirarem suas concepções raivosas destilando suas péssimas concepções ao mundo docente, de forma peculiar quando este mesmo escritor de textos para jornais tempos atrás já atacara pessoas de outros movimentos, e claro, como já é visto, sem sustentação ou embasamento teórico algum.
Nesse sentido, quero chamar a atenção que é papel dos pais irem a escola sempre e reclamarem quando seus filhos não estão aprendendo, estão com dificuldades na aprendizagem, procurando das aos filhos melhor aprendizado, no entanto, é necessário também os pais estudarem e perceberem que discutir questões socioeconômicas, mostrar o impacto ambiental causado por grandes empresas produtoras do agronegócio, questionar o alto preço do produto interno devido ao alto índice de exportação, não é doutrinação, não mesmo, isso chama-se conhecimento sobre a economia do país, ressalta-se ainda que crescimento do PIB na maior parte das vezes nas terras Brasis não coaduna com o IDH, mas, está intimamente relacionado com a crescente desigualdade.
Seguindo Jessé Souza, em “A Elite do Atraso” (2019), é possível dizer que boa das pessoas que falam da educação utilizam “frágeis pressupostos e generalizações cheias de preconceitos pré-científicos”, claro que Jessé está falando de Gilberto Freyre em seus clássicos sociológicos, contudo, utilizo a escrita do autor, para ressaltar o quanto as pessoas tem falado sobre educação de forma muito vazia, sem adentrar a sala de aula, sem ter preocupação com o ambiente escolar, menos ainda com invasões causadas a educação, especialmente com os déficits do Estado com o âmbito escolar.
Outro dia assisti a dois vídeos de Instagram feito por um oftalmologista e um otorrinolaringologista, ambos diziam dos cuidados que os pais precisam ter com os/as filhos/as no que tange a audição e visão, é algo essencial, mas, porque, esses que escrevem sobre educação cheios de senso comum não se preocupam com a ausência do Estado em problemas de saúde dos/das discentes? Não se preocupam com as transformações que a educação tem sofrido especialmente nos últimos anos? Não se preocupam com o Novo Ensino Médio que é um desastre educacional?
De fato, falar de educação exige labor, poderíamos por exemplo falarmos nos escritos dos jornais on-line sobre a lei 11.645/08, “Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, e/ou da lei Lei Nº 13.185, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015, Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática ( Bullying )”, isso nos colocaria em atitudes mais humanas, capazes de causar melhor respeito entre as pessoas nessa terra devastada pelas diversas formas de violência, seja, simbólica, física, psicológica, histórica e social, religiosa, pois, como é possível percebermos fala-se muito em costumes e moral, contudo, deixamos de ser humanos, provoca-se muito por meio das práticas institucionais religiosas e deixam de lado as atuações de religiosidades, e assim vemos, que o grande problema da educação no Brasil, é que além da pobreza econômica, acrescenta-se a pobreza em outras dimensões da vida, concentra-se opiniões no presente, sem elencar um futuro, a carência do hoje, causa uma não saída para o futuro.
Volto a chamar atenção para a Lei nº 13.415/2017 que “alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais (até 2022) e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, que contemple uma Base Comum Curricular”, que ao lermos aleatoriamente parece algo bem vindo e visto, contudo, passamos a perceber que mais é menos, e, seguindo ao Prof. Leandro S. Alonso da UFGD, percebe-se que “Aos poucos substituem disciplinas e/ou conhecimentos elementares, fechando o cerco sobre o estudante do Ensino Médio. A pressão é para induzir a família do estudante a recorrer às escolas do conglomerado de empresários da educação, o que traz implicações amplíssimas para toda a cadeia de ensino. E quem pode pagar, não? Bingo”.
Desta forma, é preciso salientar que a educação é coisa séria, faz-se necessário estudar, temos grandes nomes da educação, Paulo Freyre, Anysio Teixeira, Cipriano Luckesi, que são referências em educação e perspectivas, é necessário deixarmos de achismos, de imaginários religiosos, a educação é laica, é livre, doutrinação é acharmos que as instituições religiosas devem entrar dentro da sala de aula, as perspectivas da fé tem local ideal, as igrejas, seus templos religiosos, contudo, o espaço escolar, é ambiente de debatermos ciência, filosofia, história, geografia, química, biologia, matemática, física, arte, etc..., nos amparando na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, claro na Base Nacional Comum Curricular, nos libertando de conceitos que escravizaram no Brasil colônia e se não cuidados continuarão a nos escravizar neste breve futuro que a vida nos oferece. Educação é coisa séria, Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo. (Paulo Freire).
Por - Professor Claudinei Araújo
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