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08/03/2025 às 10:04, Atualizado em 08/03/2025 às 10:19

ARTIGO: Despertando a Mulher Selvagem

Por - Rosalina Ramos Lopes

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Texto escrito pela professora - Rosalina Ramos Lopes

No dia Internacional da MULHER, a construção de uma cultura de apoio e empoderamento é crucial para que mais mulheres se sintam encorajadas a tomar a difícil, mas essencial, decisão de denunciar. 

Clarissa Pinkola, em seu livro "Mulheres que Correm com os Lobos" apresenta uma obra simbólica e cheia de insights sobre o papel da mulher na sociedade e a importância de se reconectar com sua essência instintiva. Para ela, é um caminho para se libertar das limitações impostas pela cultura e se redescobrir como ser poderosa, criativa e autêntica. Contudo, muitas mulheres têm medo de falar sobre as violências que enfrentam, seja por vergonha, sentimento de culpa, dependência emocional, financeira ou medo de represálias. Mas é importante entender que o silêncio pode manter o ciclo de abuso em funcionamento e ao romper com ele, a mulher pode iniciar um processo de libertação.

De fato, ela precisa compreender que a culpabilização não é dela e sim uma tática de controle usada pelos agressores. De tal modo, em uma sociedade machista, as mulheres são frequentemente condicionadas a se conformar a papéis restritivos: mães, esposas, cuidadoras ou figuras secundárias, muitas vezes limitadas pela expectativa de que devem ser gentis, passivas e agradáveis. Neste sentido, cria uma corrente de pensamentos, na história humana, que desencadeia a ideia de que o homem é “superior” à mulher. E é esta construção social, cultural e patriarcal que ao longo do tempo estabeleceu normas, valores e costumes que colocaram o homem em uma posição de domínio e poder sobre as mulheres.

Outro ponto importante da obra é a ideia de que a mulher precisa passar por um processo de morte simbólica — ou seja, desconstruir as versões que a sociedade impôs sobre ela, para renascer mais autêntica, mais selvagem, mais verdadeira. Em uma sociedade machista, isso pode ser visto como um processo doloroso, mas necessário, de libertação. Ao "morrer" para os velhos papéis e expectativas, a mulher pode "renascer" para uma vida mais alinhada com seus próprios desejos e valores. Pois, em uma sociedade onde a misoginia e as normas de gênero ainda são profundamente enraizadas, a leitura serve como uma provocação e um chamado à ação. O entendimento desafia as mulheres a se libertarem de modelos de comportamento impostos, a buscarem sua verdadeira essência e a aceitarem sua força.

É possível pensar que apesar de não ser abordado diretamente como "feminicídio”, as mortes de mulheres eram muitas vezes tratadas apenas como homicídios comuns, sem considerar a motivação de gênero subjacente. O termo foi incorporado para destacar que a morte de mulheres, quando motivada por razões de gênero — como ciúmes, controle ou misoginia — deveria ser tratada como um crime distinto, exigindo uma abordagem específica na justiça e nas políticas públicas. Visto que, a violência contra elas destaca a resistência estrutural contra o empoderamento feminino, algo que continua a ser uma luta constante. Uma das principais mensagens do livro é a importância de resgatar a “mulher selvagem” dentro de cada uma, que simboliza o retorno à verdadeira essência da mulher, livre das imposições e limitações culturais, sociais e de poder. O livro de Clarissa ensina que a mulher pode e deve, desafiar os papéis tradicionais, abrindo caminho para uma nova compreensão do que significa ser mulher.

Em síntese, na narrativa do livro, a mulher precisa de autodescoberta, autenticidade, confiança, ter voz, ir à luta, resgatar a figura da mulher “selvagem”, se libertar e romper a cultura de silenciamento e estigma, da que é ensinada a "suportar" os problemas em silêncio. Ela pode ser uma fonte de inspiração e orientação, ajudando umas as outras a se reconectarem com sua essência e a encontrarem força em suas histórias pessoais. Logo "A mulher selvagem não caminha sozinha. Ela pertence a uma rede invisível de mulheres que, ao longo do tempo, transmitem sabedoria e força. Cada mulher que se conecta com sua verdadeira essência fortalece a todas. (Clarissa Pinkola Estés)”.

Por - Rosalina Ramos Lopes

Formada em Letras pelas FINAN/FALENA, Pedagogia FINAN/ FENA e Psicopedagogia IESNA, Pós-Graduação em Deficiência

Auditiva: Tradução e Interpretação em Libras IESF, subárea Análise do Discurso, pela UEMS.

Referências

Diniz, Débora. Feminicídio: A Forma Mais Brutal de Violência contra a Mulher. São

Paulo: Editora, 2017.

Estés, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os Lobos: Mitos e Histórias

Arquetípicas da Mulher Selvagem. Rio de Janeiro: Editora, 1992.

www.institutomariadapenha.org.br

www.ligue180.gov.br

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