Publicado em 08/01/2022 às 14:01, Atualizado em 08/01/2022 às 14:22
A aposentadoria chega para todos, até para os cãezinhos que ajudam nos resgates da corporação
Que os cães são conhecidos por serem os melhores amigos do homem não é muita novidade. Para alguns casos, no entanto, a ‘parceria’ vira algo profissional e ainda pode perdurar por toda uma vida. É o caso dos cães de resgate do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul. Sabia que, além de serem profissionais que salvam vidas, eles também têm direito à aposentadoria?
O Major do Corpo de Bombeiros, Fabio Pereira de Lima tem como seu fiel escudeiro o Pastor Belga Duke. Numa parceria que já dura nove anos, o cão não está longe de se aposentar. Fábio explica que o cão trabalha em média 10 anos, mas o tempo pode variar para mais ou para menos, pois depende muito das limitações de cada animal. Após aposentado, o cachorro continua com o tutor da corporação, o qual ficou ao seu lado durante toda vida.
“A doutrina que utilizamos é que o bombeiro seja dono do cão desde muito filhote e nada mais justo que também fique ao seu lado após a aposentadoria. Desta forma, tendo um convívio diário, aumenta o vínculo e o militar consegue fazer uma leitura diária do animal, fator que ajuda nas buscas. Ele não fica preso em um canil, fica conosco e com nossa família”, explicou.
Treinamentos antes da aposentadoria
Cinco cães trabalham para o Corpo de Bombeiros em Mato Grosso do Sul, sendo três em Campo Grande e dois em Coxim. Os treinamentos começam bem cedo, quando são praticamente recém-nascidos.
“Quando filhote, ainda na ninhada junto à mãe, já começamos a analisar se ele possui perfil para se tornar um cão de trabalho. Verificamos se ele gosta de pessoas, jogamos objetos no chão ou fazemos brincadeiras para saber se é curioso, analisamos se é corajoso. Ficamos olhando as características e fazendo testes”, destacou.
Na perspectiva canina, no entanto, o trabalho não é exploração: um dia de trabalho é um dia de diversão. O Major explica que os bombeiros fazem eles gostarem de encontrar pessoas, de forma que o serviço prestado passa a ser uma brincadeira recompensada.
“Começamos no nível fácil, médio e depois o difícil, o qual, ele consegue encontrar as pessoas utilizando apenas o olfato. Quando encontra alguém vivo ou morto, ele começa a latir, nos avisando, mas para ele é tudo uma brincadeira”, destacou.
Não existe uma raça específica para um cão ser membro do Corpo de Bombeiros, cada condutor treina a que melhor se adaptar.
A história de amor entre de Duke com o Major começou ‘sem querer’, mas já está completando quase uma década. O Militar foi quem percebeu os ‘dotes’ do cão para o mundo do resgate e não estava errado.
“Certa vez eu estava assistindo a um filme e ele, ainda muito filhote, começou a buscar o brinquedo várias vezes e sem ficar cansado. Comecei a treiná-lo, me escondia e ele me procurava. Com o tempo, pedia para outras pessoas ficarem escondidas e ele conseguia encontrar”.
Duke foi um dos cães levados para ajudar na tragédia da cidade de Brumadinho, em 2019. “O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais solicitou ajuda a Mato Grosso do Sul, que mandou dois cães e três militares. Trabalhamos 30 dias e ajudamos a localizar dois corpos que estavam desaparecidos”.
Mas nem tudo é só trabalho na vida de Duke. O cão também acumula muito reconhecimento, já que é um dos cachorros mais certificados do Brasil. Ele tem uma certificação internacional de busca rural nível A, certificação nacional de busca urbana nível B, certificação rural nível B e certificação nacional por restos mortais nível B.
Ao falar do seu fiel amigo, o Major do Corpo de Bombeiros não poupa elogio para os anos de companheirismo. “Para mim ele é um companheiro inseparável, que me ajudou a crescer como pessoa e como bombeiro. Trabalho com ele como uma dupla e nos ajudamos e nos reconhecemos. Quem ainda não tem um cão certamente deveria ter”, disse.