Publicado em 15/11/2022 às 16:30, Atualizado em 15/11/2022 às 20:18

Após 10 horas, Festival do Chamamé termina com gosto de continuidade

Depois do cancelamento da programação de domingo, por causa da chuva, a segunda-feira foi em dose dupla

Redação,
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Divulgação

Com o maior público dos três dias, que abraçou a grande festa e foi para a pista bailar, o enceramento do Festival Internacional do Chamamé em Porto Murtinho foi apoteótico, deixando saudades e a certeza de que é mais um megaevento para promover a cultura latino-americana em Mato Grosso do Sul. Foram dez horas de shows, no último dia, com apresentação de 20 cantores e grupos e a consagração do ritmo fronteiro mais apreciado no Estado.

Depois do cancelamento da programação de domingo, por causa da chuva, a segunda-feira foi em dose dupla, começando às 16h e fechando às 2h da madrugada de terça-feira, com os murtinhense entrando no clima que tomava conta do palco, onde brasileiros, paraguaios e argentinos compartilhavam o mesmo espaço e as mesmas emoções. A alegria contagiante dos artistas e a boa música envolveram a plateia, transformando o festival num animado bailão.

O intercâmbio, a amizade construída e a troca de experiências rítmicas que predominaram durante o evento criaram uma irmandade, somados a hospitalidade da cidade e o envolvimento da organização. Nesse ambiente de latinidade aflorada, o encerramento do festival reuniu a maioria dos artistas no palco, na última seleção musical. Eram onze acordeons e outros instrumentos, como uma harpa e um violino, numa harmonia que deve imperar entre os povos.

Noite para não esquecer

“Esta serenata é para vocês!”, disse o acordeonista Emiliano, da dupla Fuelles Correntinos (Argentina), que se apresentou no sábado (12), dirigindo-se ao público. O prefeito da cidade fronteiriça, Nelson Cintra, também subiu ao palco e, emocionado, anunciou: “Estamos nos preparando para o próximo ano, esse festival vai ter continuidade porque temos a certeza que o Governo do Estado abraçou o projeto e vai nos apoiar, como apoiou este aqui.”

O final triunfante teve a interpretação de três músicas consideradas obras-primas do cancioneiro latino-americano: “Quilômetro Onze” (hino de Corrientes, berço do chamamé argentino), “Recuerdo de Yparacaí” e “Lucerito Alba”. Homenageado pelos artistas, o diretor-geral do festival, produtor e radialista Orivaldo Mengual, agradeceu o apoio do governador Reinaldo Azambuja ao movimento pró-chamamé e à preservação das raízes culturais.

Ao descer do palco, a cantora paraguaia Mirta Noemí Talavera, uma vida dedicada ao folclore nacional e regional e mais de 20 anos de carreira e vários prêmios, marejou os olhos ao falar daquele momento e da grande alegria em participar do festival: “Superou minhas expectativas, desde a participação do público, a organização impecável e a cordialidade e compartilhamento entre nós artistas. Fico muito feliz por estar aqui, contemplar o Rio Paraguai. Foi uma honra”.

A última noite do festival levou para a Praça de Eventos José Barbosa de Souza Coelho, no centro histórico de Porto Murtinho, toda a essência dos ritmos fronteiriços, que predominou nos dias anteriores, mas com mais força e brilho nas melodias e nas coreografias dos bailarinos paraguaios e argentinos – desde os trajes típicos com seus bordados e cores vibrantes aos estilos de dançar o chamamé, cuja singularidade atraiu a atenção dos baileiros murtinhenses.

Cidade de Lona

A programação foi aberta pela Orquestra de Violões de Porto Murtinho, projeto social mantido pela prefeitura, com interpretação de três músicas: “Chalana”, “Mercedita” e “Sinônimos” (Zé Ramalho). Na sequência, subiu ao palco o cantor e compositor Castelo (que hoje faz dupla com o acordeonista Hélio Filho), um dos representantes legítimos do cancioneiro fronteiriço. Ele cantou a música “Cidade de Lona”, composta em 1979, em homenagem a Porto Murtinho.

Outros destaques da noite foram os acordeonistas Davi Junior, índio terena de Miranda, e o argentino Santhyago Rios, e Mirta Noemi. Davi fez dueto com o acordeonista gaúcho Desidério Souza e Rios confirmou sua fama de melhor chamamezeiro latino. A cantora paraguaia homenageou o prefeito Nelson Cintra com uma seleção de guarânias e encerrou o show com “Galopeira” e “Km 11”, com a sustentação de sopro e percussão da Banda Folclórica de Assunção.

Se apresentaram também: Elenco Folclórico Municipal de Carmelo Peralta (Paraguai), acordeonista Jakeline Sanfoneira (Campo Grande), cantoa Cindy Ávalos (Corrientes, Argentina), Banda e Ballet Folklórico Íbero Americano (Asunción), a dupla Rivair & Rivamar e Grupo Desparramo (Campo Grande), acordeonista Daniel Franich (Santa Fé, Argentina), Los Reales de Litoral (Corrientes), acordeonista Tono Benites (Corrientes), Miguel Arce y La Yunta del Chamamé (Buenos Aires), Tele Miranda y Grupo Arraigo(Chaco, Argentina), Caio Escobar y Grupo (Campo Grande) e Grupo Iberá (Corrientes).