Publicado em 07/11/2012 às 07:06, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
Em má forma, sai sem ter sequer ficado no banco de reservas em uma partida oficial
Adriano chegou ao Flamengo para iniciar a terceira passagem pelo clube em 22 de agosto. Fora de forma, visivelmente acima do peso e ainda em recuperação da segunda cirurgia no tendão de Aquiles do pé esquerdo, adotou um discurso otimista em sua apresentação na sala de imprensa do Ninho do Urubu. Esperava voltar a ser o Imperador e previa a reestreia com a camisa 10 rubro-negra em um mês. Nada feito. Setenta e cinco dias depois, ele termina a sua terceira passagem pelo clube ainda como ídolo, mas pela porta dos fundos. Em má forma, sai sem ter sequer ficado no banco de reservas em uma partida oficial. O jogador nem compareceu ao Ninho do Urubu nesta terça-feira. Coube ao diretor de futebol Zinho explicar a saída do atacante.
- Ele já divulgou que é uma decisão dele, partiu dele se desvincular, então realmente acho que fica inviável a permanência para este ano. É bom para ele e para o Flamengo. Encerra isso, o Flamengo está com a consciência limpa de que fez de tudo pelo Adriano - disse o diretor.
Ao ser perguntado se deixaria as portas abertas para um retorno do atacante ao Flamengo em 2013, Zinho deixou claro que o clube não conta com Adriano. O dirigente promete se empenhar na recuperação do atacante, mas apenas no lado pessoal.
- Eu não vou desistir do Adriano, mas de recuperar o ser humano, é uma missão minha, particular. Sem os holofotes, sem essa vida que ele leva que não condiz com a de um atleta profissional, talvez eu possa ter sucesso para recuperar esse ser humano. Mas, profissionalmente, chegou no limite. O Adriano realmente não tem o meu apoio como profissional. O ser humano tem escolhas. Ele está escolhendo errado. A parte profissional não progride porque ele erra em outras coisas: as companhias, o encontro com Deus. Hoje é muito difícil (a volta de Adriano em 2013).
O diretor de futebol do Flamengo reafirmou que enxerga a necessidade de acompanhamento psicológico para o atacante. No dia 1º de outubro, ele havia condicionado a permanência de Adriano no clube à ida ao consultório de um profissional, o que não aconteceu.
- Ele falou que faria o tratamento, foram dados número e endereço. O empresário dele disse que foi marcada uma consulta, mas em cima da hora ele não foi. Na minha opinião, ele precisa se cuidar pessoalmente para que não tome essas atitudes que a gente viu, como aquele vídeo na casa de shows.
O contrato de produtividade, que terminaria em 22 de dezembro, foi rescindido, algo que o Flamengo já poderia ter feito antes. Conforme previsto no acordo, três advertências por indisciplina dariam ao clube o direito de demitir o atacante. Adriano ultrapassou o limite, foi multado, teve o contrato de imagem suspenso, mas contou com a paciência do diretor de futebol Zinho, que insistiu na tentativa de recuperação. Não conseguiu. O jogador prometera não faltar mais e buscar assistência psicológica, mas não o fez. As sucessivas faltas demoliram a confiança e a persistência do dirigente em ver Adriano novamente em campo, como um atleta de alto nível. Com o caso no limite e a falta de compromisso do jogador, foi preciso recuar.
O golpe que fez Zinho deixar de acreditar no renascimento do Imperador aconteceu no fim do mês passado, quando Adriano não apareceu na atividade marcada para as 9h30m de sábado, na Gávea, e comunicou sua ausência através de SMS, com algumas mensagens desconexas. O clube definiu a escolha de um psicólogo, chegou a marcar consulta, mas o atacante não apareceu. A paciência do diretor chegou ao fim, e o problema foi debatido com a presidente Patricia Amorim. Diante de novo sumiço na semana passada, o clube decidiu, na última sexta-feira, desligar Adriano do clube. A nota oficial divulgada pela assessoria do jogador na segunda-feira precipitou o anúncio do que estava decidido pela diretoria.