Publicado em 22/05/2023 às 08:00, Atualizado em 21/05/2023 às 23:09
Aos 52 minutos do segundo tempo, Vini Jr. foi expulso por se envolver em uma confusão com jogadores adversários.
Cansado de ser alvo constante de atos racistas no Campeonato Espanhol, Vini Jr. usou as redes sociais para protestar após ser, mais uma vez, vítima de atos racistas neste domingo (21). “Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga”, disse o jogador, natural de São Gonçalo (RJ).
O caso envolvendo o craque da seleção brasileira aconteceu em Valência, quando o Real Madrid foi derrotado por 1 a 0 para o time que leva o nome da cidade, no estádio de Mestalla.
Aos 24 minutos do segundo tempo, o duelo precisou ser interrompido após atos racistas da torcida da casa. Torcedores gritavam “mono”, que significa macaco, segundo a tradução do espanhol para o português, contra Vini.
Em seguida, Vini notou os gestos racistas e denunciou o caso ao árbitro do jogo, que conversou com os jogadores e técnicos para que os atos criminosos fossem interrompidos. Entretanto, o pedido não surtiu efeito. Neste momento, os ataques cessaram após um pedido feito pelo sistema de som do estádio.
Aos 52 minutos do segundo tempo, Vini Jr. foi expulso por se envolver em uma confusão com jogadores adversários. Neste momento, uma onda de ataques racistas voltaram com gritos de “mono”. O brasileiro aplaudiu ironicamente e ainda fez um gesto com número 2, em alusão a uma possível queda do Valencia, que briga para não cair para a segundona.
CONFIRA O RELATO DE VINI JR.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, escreveu Vini.
O Ministério da Igualdade Racial, comandado pela ministra Anielle Franco, informou que o governo brasileiro irá notificar as autoridades espanholas e a La Liga por mais um ato racista no país contra Vini Jr.
Outro lado
O presidente de LaLiga, Javier Tebas, usou as redes sociais para responder às críticas feitas por Vinicius Junior. O dirigente voltou a insinuar que o atacante do Real Madrid exagera nas acusações de negligência da liga nos casos de racismo e disse que o brasileiro não entende a competência da entidade no futebol espanhol.
Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é que LaLiga pode fazer nos casos de racismo, tentamos nós explicarmos, mas você não se apresentou em nenhuma das datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e injuriar LaLiga, é necessário se informar adequadamente, Vini Jr — escreveu Tebas.
Não é a primeira vez que Javier Tebas reage às críticas de Vinicius Junior após o brasileiro ser vítima de racismo na Espanha. No fim de dezembro, depois que o brasileiro foi chamado de macaco contra o Valladolid, o dirigente disse que LaLiga combate a discriminação e falou para o atacante do Real Madrid “se informar melhor”.
