Publicado em 03/03/2012 às 09:58, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
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O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, disse nesta sexta-feira que está preocupado com os preparativos do Brasil para a Copa do Mundo de 2014.
Valcke disse a jornalistas na Inglaterra que a construção de estádios e de infraestrutura de transportes e hotéis para os torcedores está atrasada.
O dirigente afirmou ainda que poucas coisas estão funcionando no Brasil, que os organizadores precisam de "um chute no traseiro" e que o Brasil parece estar mais preocupado com ganhar a Copa do que com organizá-la.
Discussões infindáveis
Valcke, que está na Inglaterra para a reunião anual do conselho legislador da Fifa, fez duras críticas à Lei da Copa - que tramita na Câmara dos Deputados - e à lentidão da organização brasileira, segundo agências de notícias.
"O que é a Copa do Mundo para o Brasil, organizar a Copa ou vencer a Copa? Eu acho que é vencer a Copa. Quando você pensa na África do Sul, eles estavam mais preocupados em organizar do que em vencer", disse o oficial, citado pela AP.
Ele afirmou estar "frustrado" com o que chamou de "discussões infindáveis" no Congresso brasileiro sobre a Lei da Copa, que críticos dizem que dá muitos poderes e poucas responsabilidades à Fifa.
A comissão especial de deputados federais que analisa a Lei Geral da Copa (PL 2330/11) adiou para a próxima terça-feira a votação dos dez destaques ao relatório do deputado Vicente Candido (PT-SP).
O texto-base do projeto já foi aprovado, mas os deputados ainda precisam votar dez itens de destaque, antes de enviar o texto para o Plenário da Câmara e para o Senado.
Entre os assuntos a serem tratados está a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante as partidas da Copa do Mundo de 2014. Três dos dez destaques pedem que seja retirada a permissão para a venda.
Sem Plano B
De acordo com o secretário-geral, não há um "Plano B" para a Copa do Mundo de 2014. Ele disse que o evento acontecerá no Brasil, mas que os torcedores podem sofrer.
"(O Brasil) não tem hotéis suficientes em todos os lugares. Há mais do que o suficiente em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas, se você pensa em Manaus, é preciso ter mais", disse.
Sobre Salvador, ele opina que a cidade estaria pouco preparada para receber muitos torcedores. "A cidade é boa, mas (os trajetos) para ir ao estádio e toda a organização de transporte precisam melhorar."
O anúncio de que cada uma das 12 cidades-sede do Brasil receberá pelo menos quatro jogos causou preocupações sobre viagens aéreas dentro do país, por conta da infraestrutura aeroportuária.
"Tomamos a decisão de mover os times (de uma cidade para outra) e fomos criticados, porque se você torce para um time você terá que voar 8 mil quilômetros (para acompanhá-lo). Fizemos isso a pedido do Brasil para garantir que todas partes do país vejam a Inglaterra (por exemplo), caso o time se qualifique."
"Mas, tendo apoiado esta decisão, temos que garantir que os torcedores e a mídia - não os times, porque eles tem seus próprios aviões - conseguirão seguir as equipes", concluiu.