A prefeitura de Paris anunciou, nesta segunda-feira, que não vai organizar eventos ou disponibilizar telões na cidade para transmissões dos jogos da Copa do Mundo. A decisão é um ato em protesto contra o Catar, país sede do Mundial, e acompanha a postura de outras cinco cidades francesas: Lille, Estrasburgo, Reims, Bordeaux e Marselha.
Secretário de Esportes de Paris, Pierre Rabadan justificou a decisão à agência AFP pelas “condições da organização deste Mundial, tanto na vertente ambiental como social”. Rabadan, que é ex-jogador de rúgbi, também citou o fato de a Copa acontecer em dezembro.
O prefeito de Bordeaux, Pierre Hurmic, argumentou que ele teria se sentido cúmplice com as violações de direitos humanos pelo Catar caso permitisse transmissões dos jogos nas áreas públicas da cidade.
– Comprometidos com os valores do compartilhamento, da solidariedade no esporte e da construção de um lugar mais sustentável, não podemos contribuir para a promoção da Copa do Mundo de 2022 no Catar, que se tornou um desastre humano e ambiental – declarou Hurmic.
As decisões acompanham uma série de posicionamentos contrários à realização da Copa do Mundo no Catar por entidades internacionais e até mesmo seleções. Recentemente, a Dinamarca divulgou que seu uniforme no Mundial foi feito em protesto ao país.
De acordo com a ONG Anistia Internacional, foram cometidos abusos trabalhistas durante a construção dos estádios para a Copa do Mundo no Catar. Milhares de trabalhadores imigrantes ficaram meses sem receber salários, são proibidos de trocar de emprego e não podem formar sindicatos para lutar coletivamente por direitos.
Além dos riscos em diversos setores, existe ainda a suspeita sobre mortes de trabalhadores aparentemente saudáveis sem investigação apropriada ou compensação para as famílias. Levantamento do jornal Guardian indica que mais de 6 mil pessoas morreram direta ou indiretamente nas obras do Mundial desde 2010, quando o país foi escolhido.
Em comunicado contra a fornecedora de material esportivo da Dinamarca, o Supremo Comitê para Entrega e Legado, que organiza a Copa do Mundo no Catar, contestou a posição e rejeitou, com "todo o coração a banalização de nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores".
Fonte - GE
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