Publicado em 02/10/2022 às 15:42, Atualizado em 02/10/2022 às 08:45
Depois da publicação da nota, jornalistas como Arnaldo Ribeiro, da BandSports, e Thiago Simões, da ESPN, se revoltaram com a situação pela qual o colega de profissão estaria passando.
Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, processou Mauro Cezar após o jornalista dizer que ele teria uma “visão de colonizador”. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) emitiu uma nota, na sexta-feira, afirmando que Mauro teve o número vazado e está recebendo ameaças e defendeu o jornalista.
– O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam os ataques que o jornalista Mauro Cezar Pereira vem sofrendo nas redes sociais e por mensagens, após ter o seu número de celular vazado, inclusive com graves ameaças à sua integridade física e de familiares – o SJSP escreveu em seu site oficial.
Na sequência da nota, o Sindicato defende que a fala de Mauro Cezar foi mal interpretada pelo treinador do Palmeiras e afirma que o técnico estaria utilizando a Justiça para intimidar o comentarista.
– Mais uma vez figuras públicas e com grande poder econômico se utilizam da Justiça para intimidar e cercear jornalistas – diz o texto, que chegou a utilizar o termo “censura indireta” para se referir à atitude de Abel.
Depois da publicação da nota, jornalistas como Arnaldo Ribeiro, da BandSports, e Thiago Simões, da ESPN, se revoltaram com a situação pela qual o colega de profissão estaria passando.
Confira a nota do Sindicato na íntegra:
"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam os ataques que o jornalista Mauro Cezar Pereira, comentarista esportivo da TV Cultura e da rádio Jovem Pan e articulista do portal UOL, vem sofrendo nas redes sociais e por mensagens, após ter o seu número de celular vazado, inclusive com graves ameaças à sua integridade física e de familiares.
Tais ameaças se deram após a divulgação na imprensa do ingresso de ação por danos morais e queixa-crime por parte do técnico esportivo Abel Ferreira em face do jornalista. Mauro Cezar criticou uma declaração dada por Abel Ferreira, em entrevista coletiva, quando, ao analisar a situação de um atleta que foi flagrado bebendo nas vésperas de uma partida, teceu comentários sobre a carência na formação educacional no Brasil. Para o jornalista, tal fala carregava a “visão do colonizador”, já que a situação de atletas indisciplinados também ocorre em outros países considerados desenvolvidos.
Na ação, o técnico tenta desqualificar a isenção do jornalista fazendo ilações de que o mesmo é torcedor de um clube rival, bem como tenta deturpar o sentido da crítica sobre a “visão colonizadora” da sua fala, ao atribuir a Mauro Cezar a opinião de que Abel teria “o intuito de explorar, escravizar ou subjugar o povo brasileiro”.
O colonialismo cultural é denominado pela opressão que permanece nas nações colonizadas por meio da cultura, mesmo depois do fim do colonialismo formal. Mauro Cezar disse: “visão do colonizador. Fala em tom professoral como se estivesse ensinando pra nós brasileiros como a gente deve se comportar”, após o técnico fazer uma crítica genérica à formação do povo brasileiro. Em nenhum momento o jornalista dá a entender que Abel Ferreira teria um posicionamento escravocrata.
Mais uma vez figuras públicas e com grande poder econômico se utilizam da Justiça para intimidar e cercear jornalistas. Não se desconhece o direito de ação que qualquer cidadão que se julgue ofendido possa exercer. Contudo, esse direito deve ser exercido com responsabilidade, levando em consideração a avalanche de casos graves que atravancam o Judiciário e a possibilidade que figuras públicas detêm de rebater às críticas jornalísticas e esclarecer seus pontos de vista pelo amplo acesso que possuem aos microfones da própria imprensa.
A liberdade de informação e o direito de crítica estão inscritos na Constituição e fazem parte do regular exercício da liberdade de imprensa.
Em sua atividade profissional, o jornalista emite opiniões e faz comentários sobre futebol, exercendo o direito de crítica. Os que discordam têm todo o direito, também, de rebater seus argumentos e apresentar o que pensam a respeito. O que não se pode admitir é a tentativa de calá-lo por intermédio de ações judiciais intimidadoras. Isso caracteriza censura indireta, contra a qual os jornalistas e os cidadãos brasileiros tanto lutaram.
O SJSP defende o exercício do jornalismo expresso na atividade de Mauro Cezar Pereira e ressalta a importância de seu trabalho de crítico esportivo. Além disso, o Sindicato se manifesta contra qualquer tipo de censura ou restrição ao trabalho jornalístico e em defesa da liberdade de expressão e do direito de crítica contido na liberdade de imprensa."
Com informações do LANCE