Publicado em 23/07/2025 às 15:30, Atualizado em 23/07/2025 às 14:54
Entidade máxima do esporte olímpico e paralímpico nos Estados Unidos revisa política de elegibilidade para mulheres transgênero
Mulheres transgênero estão banidas de participarem de competições femininas promovidas por entidades olímpicas e paralímpicas nos Estados Unidos. Nesta semana, o Comitê Olímpico e Paralímpico do país (USOPC) mudou suas políticas internas de elegibilidade para seguir a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump em fevereiro. A resolução federal exclui de torneios femininos pessoas que foram designadas do sexo masculino no nascimento mesmo que se identifiquem como mulheres trans.
A revisão da política foi estabelecida discretamente na segunda-feira no site da USOPC na categoria "Política de Segurança de Atletas". Na terça-feira a entidade máxima do esporte olímpico e paralímpico americano enviou uma carta a todas as confederações filiadas para que sigam a nova política. A NCAA, entidade responsável pelo esporte universitário do país, já havia banido mulheres trans de competições femininas universitárias desde fevereiro.
- O USOPC tem se envolvido em uma série de conversas respeitosas e construtivas com autoridades federais desde que Trump assinou a ordem. Como uma organização com estatuto federal, temos a obrigação de cumprir as expectativas federais. Nossa política revisada enfatiza a importância de garantir ambientes de competição justos e seguros para as mulheres. Todos os órgãos governantes nacionais são obrigados a atualizar suas políticas aplicáveis em conformidade - afirmou a carta da USOPC, assinada pela CEO, Sarah Hirshland, e pelo presidente, Gene Sykes.
A antiga política do USOPC permitia a participação de mulheres trans em competições femininas desde que se enquadrassem nos critérios de elegibilidade internacionais de cada esporte. Em novembro de 2021, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu que cada federação de modalidade esportiva passaria a decidir seus critérios sobre a questão dos atletas transgêneros e intersexuais.
Desde então, as resoluções sobre elegibilidade de atletas trans se deram na esfera esportiva para o alto rendimento. A ordem executiva de Trump quebra esse cenário por se tratar de um decreto governamental. O presidente americano pressiona o COI para seguir sua resolução, inclusive nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028. A nova presidente do COI, Kirsty Coventry, ressaltou os esforços para "proteger a categoria feminina". Ela prometeu uma força tarefa de cientistas e membros de federações internacionais esportivas para estabelecer uma nova política de elegibilidade.
Nos Estados Unidos, o caso mais famoso de atleta trans é o de Lia Thomas. A nadadora de 26 anos não pôde participar da seletiva americana por uma vaga nas Olimpíadas de Paris por ser uma mulher transgênero. Apelou à Corte Arbitral do Esporte (CAS), mas teve seu caso rejeitado. O tribunal máximo da justiça desportiva entendeu que a americana não era elegível para questionar a regra da World Aquatics (Federação Internacional de Esportes Aquáticos) que proíbe a participação de atletas trans em competições femininas.
Desde 2022, a World Aquatics restringe a participação de mulheres trans na natação. A regra barra de competições internacionais femininas pessoas transgêneros que passaram pela puberdade masculina, ou seja, apenas mulheres trans que completaram sua transição até os 12 anos de idade podem competir. A World Aquatics argumenta que o limite de idade para concluir a transição de gênero é necessário para garantir que mulheres trans tenham vantagem por passar pela puberdade masculina, embora a entidade admita que em muitos países não é permitido fazer a transição tão cedo. A Associação Mundial para Saúde de Transgêneros recomenda 14 anos como idade mínima para esse processo de transição. Na prática, a regra da World Aquatics barra praticamente todas as mulheres trans das principais competições da natação, incluindo as Olimpíadas.
A ordem executiva de Trump segue seu lema de campanha: "Manter os homens fora das competições femininas". O ataque aos direitos das pessoas transgênero faz parte da plataforma do político republicano. No seu primeiro dia em exercício da presidência neste novo mandato, em janeiro, Trump decretou que a definição de sexo no país vai ser limitada a masculino e feminino de acordo com a designação no nascimento, o chamado sexo biológico. Essa medida teve efeito em documentos oficiais, passaportes e políticas de designação de prisões federais.
Com informações do Portal Globo Esporte