Publicado em 11/06/2024 às 16:00, Atualizado em 10/06/2024 às 22:45

Clubes de futebol eram obrigados a repassar até 20% dos patrocínios para grupo de Cezário, aponta Gaeco

Mesmo times pequenos eram obrigados a repassar parte do dinheiro

Redação,
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Jamiro Rodrigues de Oliveira (Miro). (Divulgação FFMS)

As investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que levaram a prisão de Francisco Cezário de Oliveira e de outros seis na Operação Cartão Vermelho, em 21 de maio, mostram que os membros da suposta organização criminosa exigiam que os clubes devolvessem até 20% do valor obtido em patrocínios intermediados pela FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul).

Jamiro Rodrigues de Oliveira, conhecido como “Miro” e um dos réus da Operação Cartão Vermelho, descreveu o esquema de recebimento de recursos pela FFMS durante interrogatório. Essa confirmação já teria aparecido nas investigações do Gaeco.

Miro foi presidente do Misto Esporte Clube. Renunciou ao cago em 2016 e assumiu a vice-presidência da FFMS em setembro do mesmo ano.

Durante o interrogatório, ele explicou que, quando um clube recebia um patrocínio intermediado pela FFMS, era obrigado a negociar uma porcentagem para os membros da suposta organização criminosa. O pagamento ainda era feito por meio de dinheiro em espécie. Nem mesmo times pequenos escapavam da cobrança.

“Quando consegue algum patrocínio para o clube, a pessoa que consegue o patrocínio recebe uma porcentagem do valor. (…) A média geral [do valor recebido] é de 20%, muitas vezes o clube é pequeno, o patrocínio é pequeno, aí os caras chegam num acordo aí 10%, 15%, depende do acordo que for feito clube e patrocinador (…) a maioria é em dinheiro vivo, quando o dinheiro entra na conta do clube o clube saca o dinheiro e passa em dinheiro”, contou na segunda parte do interrogatório.

Liberdade negada

As investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) levaram à prisão preventiva do então presidente da entidade, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, e outras seis pessoas, por desvio de mais de R$ 10 milhões da FFMS.

Após sofrer um princípio de infarto na noite da última quarta-feira (5), a Justiça concedeu liberdade à Cezário, mediante uso de tornozeleira eletrônica. Antes disso, a Justiça tinha negado dois pedidos de soltura.

Assim, os outros seis presos na operação, aproveitaram a liberdade de Cezário para entrar com pedidos de habeas corpus: Aparecido Alves Pereira, Francisco Carlos Pereira, Valdir Alves Pereira, Umberto Alves Pereira – sobrinhos de Cezário -, Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira – sobrinho neto de Cezário e filho de Umberto; Rudson Bogarim Barbosa – funcionário da FFMS.

Em decisão, na última sexta-feira (7), a desembargadora da 1ª Câmara Criminal, Elizabete Anache, considerou que a extensão dos efeitos do habeas corpus de Cezário seriam aplicáveis “na hipótese de absoluta igualdade de motivos fático-pessoais, o que não é o caso”. Diante disso, ela negou a concessão da liminar aos seis acusados.

Réus

O presidente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira, 77 anos, e mais 11 pessoas foram denunciadas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pelos crimes de integrar organização criminosa, peculato, furto qualificado, falsidade ideológica e lavagem de capitais. Ele está preso desde a deflagração da Operação Cartão Vermelho, no dia 21 de maio.