Publicado em 06/03/2022 às 08:33, Atualizado em 05/03/2022 às 22:51
Secretário-geral, Eduardo Zebini, responde negando interferência externa e diz que diretor mais velho, Dino Gentile, foi nomeado pelo STJ seguindo o estatuto da entidade.
A CBF enviou duas respostas diferentes à Fifa, que no início da semana quis saber se estava havendo algum tipo de interferência externa no comando da entidade – algo que a Fifa rejeita e condena em suas mais de 200 afiliadas.
O pedido de informação da Fifa foi especificamente sobre uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do dia 24 de fevereiro, que determinava ao juiz de primeira instância na Justiça do Rio a nomeação do diretor mais velho, Dino Gentile, de 65 anos, para comandar a CBF interinamente.
A decisão do STJ diz respeito a uma ação iniciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que questiona regras eleitorais da CBF e contesta a última eleição da entidade, vencida por Rogério Caboclo em 2018.
Pois a Fifa recebeu duas cartas, às quais o ge teve acesso, com duas respostas diferentes, o que escancara o tamanho da divisão que existe dentro da entidade hoje. Uma delas foi enviada pelo secretário-geral da CBF, Eduardo Zebini. A outra, com conteúdo oposto, está assinada pelo presidente interino Ednaldo Rodrigues.
A carta da Fifa chegou à CBF no dia 28 de fevereiro, por e-mail. Estava assinada por Kenny Jean-Marie, chefe do setor de relações com as associações afiliadas à Fifa. E estava endereçada ao secretário-geral da CBF, Eduardo Zebini – que respondeu no mesmo dia.
Em resumo, Zebini escreve que a decisão do STJ não configura uma interferência externa na entidade, porque está embasada no estatuto da própria CBF, cujo artigo 64 prevê que, na vacância de presidentes e vices, o diretor mais velho deve assumir e coordenar uma nova eleição.
– É uma decisão que garante à CBF resolver suas questões eleitorais de acordo com seus próprios estatutos – diz um trecho da carta assinada por Zebini e endereçada a Kenny Jean-Marie, a chefe do setor de relação com as associações afiliadas à Fifa, ou seja, a autora do pedido inicial de informações.
Quatro dias depois, a Fifa recebeu outra resposta, totalmente diferente, enviada por Ednaldo Rodrigues, presidente interino da CBF. O documento também foi enviado para Kenny Jean-Marie, com cópia para o presidente da Fifa, Gianni Infantino, o secretário-geral-adjunto, Mattias Grafstrom, e o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.
Em sua carta, Ednaldo Rodrigues afirma que sua manutenção na condição de presidente interino foi confirmada na Assembleia Geral da CBF (no dia 24 de fevereiro), e acusa Dino Gentile e Eduardo Zebini de tentar derrubá-lo da presidência, e que isso poderia representar violações aos estatutos da Fifa e da Conmebol, justamente nos artigos que tratam de interferência externa.
– [... por meio de decisões provisórias de órgãos judiciais, inclusive em conluio com diretores da entidade, existe uma clara tentativa do Diretor de Patrimônio (Dino Gentile) de se autoproclamar gestor interino da CBF recorrendo ao poder judiciário, valendo-se de declarações emitidas pelo Secretário-Geral Interino, Eduardo Zebini.
Ednaldo se refere a uma petição movida por Gentile no STJ, na qual afirma que a decisão do dia 24 de fevereiro – que determina ao juiz de primeira instância que o nomeie presidente interino – está sendo desrespeitada.
O próprio Ednaldo também recorreu ao STJ. Ele pede que a decisão seja suspensa e que o ministro Humberto Martins considere válido o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que ele, na condição de presidente interino da CBF, assinou com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Segundo o Estatuto da CBF, entre as funções do Secretário Geral estão “estabelecer comunicação com a FIFA, CONMEBOL e com os demais organismos e entidades internacionais”.
O Estatuto diz ainda que a Secretaria Geral deve “executar todo o trabalho de articulação institucional e de representação externa da CBF, de acordo com a estratégia geral definida pela Presidência da CBF".
Fonte - GE