Publicado em 07/04/2021 às 14:29, Atualizado em 07/04/2021 às 11:49
Central foi campeã da Superliga com o Minas na última segunda e ganhou o título de MVP
Um dia após conquistar o título da Superliga com o Minas e receber o prêmio de melhor jogadora da competição, a bicampeã olímpica Thaisa divulgou uma carta abrindo mão de disputar os Jogos de Tóquio. No documento enviado à imprensa, ela disse estar encerrando de vez a sua história com a seleção brasileira.
- Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira como atleta profissional. Inevitavelmente, todos querem saber se estarei com a seleção brasileira nas próximas competições – inclusive a Olimpíada de Tóquio. Mas, infelizmente, a resposta é não. Hoje, despeço-me da seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na seleção adulta – (18 considerando a base ) - e , sempre com garra e respeito que a bandeira merece. Nunca faltou amor e entrega nesta história linda para os dois lados - escreveu a central.
Thaisa passou por uma grave lesão no joelho esquerdo em 2017, quando jogava na Turquia. Foram anos de recuperando e momentos em que muitos acreditaram que a carreira da jogadora havia acabado. No entanto, ela voltou a jogar em altíssimo nível. A participação dela na seleção que vai jogar as Olimpíadas de Tóquio era dada como certa, haja vista a sua atuação na Superliga. Além de MVP, ela também foi eleita a melhor central da competição e ficou com o prêmio de Craque da Galera.
Além dos ouros olímpicos de Pequim e Londres, a central participou de campanhas importantes com a seleção brasileira. É hexacampeão do Grand Prix, tem uma prata e um bronze em mundiais, um vice na Copa do Mundo e na Copa dos Campeões, além do título do Pan de Guadalajara 2011 e a prata de 2007, no Rio. Agora, ela explicou que vai cuidar do corpo para ter longevidade na carreira.
- Por não conseguir mais dar esta entrega, física e mental, que eu encerro minha história com a Seleção. Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar ao grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar.
Integra da carta escrita pela bicampeã olímpica Thaisa
A noite de 05 de abril de 2021 ficará marcada na minha vida. Depois de um período difícil na minha carreira, marcado por lesões, dúvidas, incertezas, e em meio a uma pandemia que entristece o mundo, eu consegui sorrir novamente com o vôlei. Sorri e chorei. Cada lágrima derramada ontem era uma dificuldade que eu superei. Voltar a ser campeã da Superliga, jogando em alto nível, era algo que ninguém, há três anos, acreditava que eu seria capaz. E eu consegui. Com o apoio da minha família, do meu noivo, das minhas companheiras e comissão técnica do Itambé Minas, amigas , voltei a sentir o gosto de levantar um troféu depois de quase cinco anos.
Mas, sempre temos o amanhã. É a lei da vida. Passado, presente e futuro. E depois de um dia histórico para mim ontem, hoje, o 6 de abril de 2021, também será um dia que lembrarei para sempre. É um dia que interfere, definitivamente, no meu futuro. Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira como atleta profissional. Inevitavelmente, todos querem saber se estarei com a Seleção Brasileira nas próximas competições – inclusive a Olimpíada de Tóquio. Mas, infelizmente, a resposta é não. Hoje, despeço-me da Seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na seleção adulta – (18 considerando a base )- e , sempre com garra e respeito que a bandeira merece. Nunca faltou amor e entrega nesta história linda para os dois lados.
E é exatamente por não conseguir mais dar esta entrega, física e mental, que eu encerro minha história com a Seleção. Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar ao grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar. Conversei com meus médicos e familiares e chegamos a esta conclusão.
Quero agradecer especialmente ao Zé Roberto e toda sua família que foram fundamentais neste retorno , além da comissão técnica e todos os que me acompanharam nesta caminhada. Sem o esforço, apoio e incentivo de cada um, não sei se chegaria tão longe. O meu muito obrigada a todas as minhas companheiras que estiveram ao meu lado, dividindo viagens, concentrações, alegrias e tristezas. Carregarei sempre comigo cada lembrança.
Estarei daqui , vibrando e torcendo pelo Brasil, junto com toda a população e, especialmente, com os amantes do voleibol. Estarei sempre à disposição para ajudar e, mais do que tudo, gritar e comemorar nossas conquistas.
Gratidão!
Thaísa Daher