Publicado em 01/02/2020 às 12:30, Atualizado em 01/02/2020 às 13:11
China continua sendo o principal destino das exportações de Mato Grosso do Sul, com 41% do mercado.
Com o surgimento do novo coronavírus na China, já foram registradas 170 mortes, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). A China continua sendo o principal destino das exportações de Mato Grosso do Sul, com 41% do mercado. Com o risco da epidemia da doença, os exportadores do País, assim como do Estado, ficam em alerta .
O impacto imediato, de acordo com o secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Ricardo Senna, pode ser a restrição das importações e exportações. “O impacto que pode ter é a restrição de embarques e desembarques de produtos, de turistas, especialmente se navios e outros meios de transporte relatarem casos suspeitos em sua tripulação. O movimento dos mercados é natural. Qualquer turbulência que possa afetar a economia mexe com os nervos do mercado até que se tenha um conjunto razoável de informações que subsidie decisões equilibradas”, considerou.
O consultor em comércio exterior, Aldo Barigosse, explica que é preciso aguardar, e dependendo de como se desenrolar o desenvolvimento da doença na China, a redução nas relações econômicas pode acontecer. “A redução nas relações econômicas entre a China e o Brasil se dará caso aconteça uma redução no consumo interno chinês. Ainda é muito cedo para falar dos impactos que poderemos ter. Hoje o momento é de calma e observação”, analisou o consultor.
Para a economista Adriana Mascarenhas, se houver uma desaceleração da economia chinesa em maiores proporções, isso trará um impacto mundial. “O reflexo virá para MS, para o Brasil e para o mundo todo. Por ser um país que tem uma população crescente saindo da situação de miséria, onde muitos em um passado bem recente sequer consumiam proteína animal, com certeza teremos uma consequência de grandes proporções. Principalmente por ser um dos maiores parceiros comerciais do Brasil. A gente não pode fazer alarde; por enquanto, ninguém sabe direito qual a real situação do problema na China, mas que pode trazer uma complicação na relação comercial, é evidente que trará”.
CARNES
Entre as especulações do mercado financeiro está a exportação das carnes brasileiras. Recentemente, o Brasil estreitou os laços comerciais com a China. No ano passado, o Brasil ultrapassou a marca de 100 frigoríficos autorizados a exportar carne bovina, suína e aves para o país asiático. As agências de notícias chegaram a cogitar aumento da exportação da carne brasileira.
O secretário-adjunto da Semagro alerta que é difícil falar em vantagens econômicas quando se trata de um problema de saúde humana; caso fosse um problema de sanidade animal ou vegetal, ficariam mais claras as possibilidades de ganho financeiro. “Nesse momento, tudo que já foi divulgado só serviu para gerar tensão nos mercados. A medida em que as informações ajudarem a entender o problema todo, será possível uma avaliação mais precisa. Há alguns anos o Brasil teve o surto da zika e chikungunya, e nem por isso outros países se beneficiaram economicamente. Ao longo do tempo, caso a China provoque uma reeducação alimentar, eles terão de buscar outros tipos de proteínas. A carne é um deles, é muito mais uma aposta do que algo que vá acontecer em decorrência do surto. Pode acontecer, sim, de forma gradual”, contextualizou Ricardo Senna.
Para o presidente da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne (Assocarnes-MS), Sérgio Capuci, o principal problema é a logística que está prejudicada. “É um desastre, os bancos não estão operando, os portos também, e a parte comercial está parada, sem movimento. Com certeza a doença pode impactar não só na carne, mas na questão dos grãos. Neste momento, está tudo muito incerto”, afirmou.
Abastecimento de mercado
A JBS e o WH Group, de Hong Kong, assinaram acordo nesta semana que prevê abastecimento do mercado chinês com até R$ 3 bilhões (US$ 717 milhões) em carne bovina, de frango e suína por ano. Os produtos do grupo WH são comercializados em cerca de 60 mil localidades na China, conforme informaram as agências de notícias brasileiras.
Com informações do Correio do Estado