Publicado em 23/01/2015 às 20:00, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
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A diferença entre as transações do Brasil com o restante do mundo ficou negativa em US$ 90,948 bilhões em 2014, ou o equivalente a 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (23). A diferença, que inclui tanto produtos quanto serviços, é chamada de conta de transações correntes.
É o pior desempenho desde 2001. O resultado também é pior que o previsto pelo BC, de US$ 86,2 bilhões.
Somente em dezembro de 2014, a conta foi negativa em US$ 10,317 bilhões.
Em 2013, a conta tinha ficado negativa em US$ 81,1 bilhões, ou 3,62% do PIB.
Esses resultados negativos foram registrados só numa das facetas do chamado balanço de pagamentos (as transações correntes).
Se forem considerados todos os demais itens, o resultado foi negativo em US$ 9,8 bilhões em dezembro, mas fechou 2014 com saldo positivo de US$ 10,8 bilhões.
Quando o país tem déficit em conta-corrente (gasta além de sua renda), é preciso financiar o resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior.
O investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiamento, por ser de longo prazo. Existem, porém, outras formas de financiamento, como os empréstimos e os investimentos estrangeiros em ações e em títulos de renda fixa.
Pelo segundo ano consecutivo, o IED não foi suficiente para financiar integralmente o deficit. O IED somou US$ 62,495 bilhões no ano passado, ou 2,87% do PIB. O BC esperava 2,88% do PIB ou US$ 63 bilhões. Somente em dezembro, o IED foi de US$ 6,650 bilhões.
Para este ano, a tendência é de mais um ano de dificuldade para as contas externas do país mesmo considerando a recente valorização do dólar em relação ao real, que pode ajudar nas exportações.
"A tendência para 2015 é que a balança comercial melhore. A primeira razão é a taxa de câmbio, depois a perspectiva de maior volume de comércio internacional e, na parte de petróleo, a expectativa de que tenhamos saldo comercial melhor (na conta petróleo)", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
A estimativa do BC é de rombo de US$ 83,5 bilhões em 2015 nas transações correntes do país. Em relação a IED, a projeção é de que ingressem US$ 65 bilhões, ou 2,95% do PIB, valor novamente inferior ao tamanho do deficit.
O balanço de pagamentos não pode ser confundido com a balança comercial. O balanço inclui todas as transações do Brasil com o exterior, comerciais, de serviços ou financeiras. Ele se divide em duas partes: transações correntes e conta de capital.
As transações correntes incluem a balança comercial (exportações e importações), a balança de serviços (juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais etc), e as transferências unilaterais (dinheiro mandado por brasileiros de fora do país, por exemplo).
A conta de capital e financeira é formada por aplicações em Bolsa, investimentos estrangeiros diretos (a criação ou ampliação de uma fábrica, por exemplo) e empréstimos concedidos ao Brasil.
O resultado entre as transações correntes e a conta de capital é que mostra se o balanço de pagamentos está positivo ou negativo. Com resultado positivo, as reservas internacionais do país crescem (quantidade de dólares em poder do governo).
(Com informações da Reuters e Valor)