Publicado em 12/10/2022 às 15:01, Atualizado em 12/10/2022 às 11:51
Vocação agrícola se traduz em riquezas, expansão da atividade e foco na agroindustrialização
Com 13 municípios entre os 100 mais ricos do Brasil e uma agricultura na vanguarda da expansão tecnológica, Mato Grosso do Sul atingiu R$ 44,99 bilhões em 2021 em valor de produção das culturas. É o que aponta a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor de produção das culturas cresceu 60,7% em relação ao ano anterior. Baseado na pesquisa do último ano, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) classificou três municípios do Estado entre os 20 primeiros colocados. Primeira cidade sul-mato-grossense, Maracaju figura em 8º, com valor auferido de R$ 3,4 bilhões em produção em 2020.
Outras municipalidades que fecham a parte alta do ranking são Ponta Porã, que ficou em 16º, e Sidrolândia, em 20º, com 2,4 bilhões e R$ 2 bilhões em produção, respectivamente.
Principal motor da produção, os três municípios também são impulsionados majoritariamente pela produção de soja. De acordo com a PAM, a oleaginosa ocupou 565 mil hectares de área plantada em Maracaju em 2021, seguido por 490 mil em Ponta Porã e 453 mil em Sidrolândia.
O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, explica que o Estado passou por uma grande transformação, aumentando e tecnificando a produção.
“Temos 13 municípios ranqueados entre os de maior crescimento do agro e de representatividade em termos nacional. Mato Grosso do Sul, comemorando seus 45 anos, teve um processo de transformação nos últimos 10 anos, do seu próprio agronegócio, você tinha uma discussão muito forte do binômio soja e boi”.
Ainda de acordo com o secretário, a adoção de tecnologia ajudou o Estado a consolidar duas safras integradas e a chegar aos 6 milhões de hectares plantados somente somando as lavouras de soja e milho.
“Essa pujança do agro se deu em função do aumento da área plantada, no caso de Mato Grosso do Sul, mas também pela elevação da produtividade. Economizamos muito a expansão de área decorrente dessa elevação da produtividade. Mas o agro sul-mato-grossense obviamente que é muito mais amplo, hoje o Estado é multiproteína. Quer dizer, tem uma base de produção da proteína vegetal [e animal] e transformando essa proteína com a industrialização”, analisa Verruck.
Conforme o doutor em economia Michel Constantino, a economia agrícola de Mato Grosso do Sul multiplicou seu potencial a cada novo ciclo de produção. “Por um lado, puxado por um mercado demandante de alimentos, e, por outro lado, por empreendedores que acreditaram no desenvolvimento do Estado”, define.
Para ele, o ranking é o resultado de uma economia baseada em recursos naturais e produtivos. “Ambos em consonância com as melhores práticas produtivas e um comportamento cada vez mais profissional dos empresários do setor”, analisa.
O mestre em economia Eugênio Pavão relata que a modernização da agropecuária de MS vem desde a década de 1970. “Hoje, temos uma política de governo para o crescimento e o incentivo da produção do agronegócio, com atividades capitalistas modernas e desenvolvidas”.
O secretário da Semagro ainda frisa que, nos últimos cinco anos, Mato Grosso do Sul ampliou a agroindustrialização focando principalmente em agregar valor à produção.
“Um Estado que neste momento mostra a sua intensividade no processamento destes produtos oriundos do agronegócio. Seja o eucalipto para transformar em celulose e posteriormente em papel; seja bovinocultura para transformar em carne desossada, processada, hoje nós temos até fábrica de hambúrguer. A suinocultura da mesma forma com a expansão da base de matrizes, adensamento da cadeia produtiva, aumento da industrialização, abate e industrialização no próprio território sul mato-grossense. Isso vem também na avicultura e piscicultura”, frisa Verruck.
PESQUISA
Segundo números da PAM de setembro, ao todo, MS fechou o último ano com produção recorde de 12,23 milhões de toneladas e teve aumento de 110% no valor da produção, se comparado a 2020 (R$ 14,30 bilhões).
O milho teve produção reduzida em 40,3%. Isso tudo por causa das secas e geadas que atingiram o Estado e as principais zonas produtoras, na região centro-sul de MS.
No entanto, o preço compensou os produtores: o valor de produção atingiu o recorde de R$ 8,03 bilhões, registrando alta de 7,88%, mesmo com as produtividades em baixa.
Outra cultura de alta produtividade e intensa nos campos do Estado é a cana-de-açúcar. Foram colhidas 44,29 milhões de toneladas, 1,1% inferior ao ano anterior, com um valor de produção de R$ 5,49 bilhões, alta de 9,2%.
Em área plantada total, MS apresentou 6,4 milhões de hectares, crescimento de 7,5% em relação a 2020. Entre os principais produtos, obtiveram aumento de área plantada as culturas de soja (8,1%), milho (8,9%), cana-de-açúcar (1,0%) e mandioca (9,7%).
“Temos novos municípios entrando na agropecuária, produção agrícola em áreas menos férteis, expansão do eucalipto e avanço das multiproteínas, quer dizer, com a transformação disso em proteína animal, e essas proteínas animais por sua vez caminhando para a agroindustrialização”, diz o titular da Semagro sobre a diversificação da base produtiva.
Verruck destaca também que o Estado quer intensificar ainda mais as mudanças já adotadas. “Estamos em uma busca de retornar a produção de trigo, Mato Grosso do Sul já teve produção significativa, outras culturas, substituindo até o milho, por exemplo, pelo sorgo, que é mais resistente e outras culturas como amendoim para fazer reforma de pasto e reforma de cana”.
FUTURO
Para o futuro, o secretário ainda aponta que a meta é de que o Estado se posicione cada vez mais no topo entre os maiores produtores e continue gerando emprego e renda para a população.
“Existe um posicionamento muito claro como meta, a partir desses 45 anos, que Mato Grosso do Sul consiga fazer um caminho e se posicionar entre os cinco maiores produtores do País, seja na área do rebanho ou na suinocultura, seja na piscicultura ou na avicultura. Esse é um caminho natural que vem ocorrendo com a transformação dos municípios. Onde a agricultura chegou há uma intensificação de investimento, do comércio, uma intensificação da estrutura de armazenagem. Então esse é o caminho”.
Como já noticiado pelo Correio do Estado, atualmente, o maior desafio para os próximos anos é a recomposição e a consolidação da infraestrutura logística de Mato Grosso do Sul.
O Estado sofre com a sobrecarga em rodovias, o sucateamento de ferrovias e hidrovias. De acordo com o secretário, essas são as principais prioridades para que MS siga rumo ao desenvolvimento econômico.
“Temos de consolidar a questão ferroviária no Estado, com duas licitações que em breve vão ocorrer, implantar a rota bioceânica daqui a dois anos e qualificar melhor a exportação. Além disso, temos de ter um agro sustentável, com novos mercados e também quando a gente pensa na pecuária a partir do próximo ano livre de febre aftosa, sem vacinação”, analisa Verruck.
O secretário ressalta que o conjunto sanidade, diversificação de mercado e agregação de valor à produção fazem com que o Estado esteja no melhor momento em termos de indicadores econômicos.
“E com as principais diretrizes estratégicas consolidadas para realmente se tornar um Estado do agronegócio e da agroindustrialização e exportador. Com uma base econômica diversificada e com caminhos logísticos para atingir esses mercados mais eficientes e mais competitivos”, finaliza.
Com informações do Correio do Estado