Publicado em 23/05/2023 às 15:00, Atualizado em 23/05/2023 às 14:02

Mesmo após pente-fino, programa repassou R$ 657,1 milhões em MS

Valor médio foi recorde de R$ 695,31 em maio, alta de 12,82% em relação ao montante de janeiro

Redação,
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Divulgação

O novo Programa Bolsa Família (PBF), relançado em março deste ano, repassou R$ 142 milhões para as mais de 206 mil famílias cadastradas neste mês em Mato Grosso do Sul. O valor é recorde mesmo após o pente-fino que cancelou 19.207 cadastros com irregularidades no Estado.

Dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) apontam que, em 2023, foram repassados à população sul-mato-grossense R$ 657,189 milhões. O valor médio do benefício também é o maior, as famílias passaram a receber R$ 695,31 em maio, alta de 12,82% ante o repasse de R$ 616,30 registrado em janeiro.

Os valores são recordes em todo o País, de acordo com informações do governo federal. Em maio, o total pago aos 5.570 municípios foi de R$ 14,1 bilhões e é o maior da história do programa de transferência de renda. Para junho, com o início dos pagamentos dos demais adicionais, a projeção é de que o benefício chegue a R$ 714 por lar.

O aumento nos repasses já foi observado e comentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Analista da pesquisa, Alessandra Brito comentou que a parcela mais pobre da população registrou um aumento de renda por causa de “outras fontes”, ou seja, programas sociais.

“A gente observou o aumento do peso do rendimento de outras fontes, que foi puxado sobretudo pela rubrica ‘outros rendimentos’, ou seja, os programas sociais”.

DESIGUALDADE

Segundo o administrador Leandro Tortosa, o aumento do benefício tem a ver com uma série de fatores, inclusive o próprio aumento do valor do salário mínimo. “Houve o aumento do salário mínimo, o que consequentemente aumentou os repasses. Com isso, mais pessoas também se enquadram para poder receber o benefício”, comenta.

Ainda conforme a análise do administrador, o aumento tem efeitos positivos e negativos. “Um problema que temos no País é a pobreza estrutural. Existem muitos problemas estruturais, como altas taxas de analfabetismo e evasão escolar, principalmente no Ensino Médio, nos últimos anos”.

“Além disso, temos também o desemprego estrutural. Tivemos um crescimento na informalidade, e as pessoas estão tendo de trabalhar mais para ganhar mais dinheiro, o que gera uma precarização do trabalho. Esses benefícios são bons porque tiram a pessoa da vulnerabilidade, mas o que é necessário são ações conjuntas para que as pessoas transcendam a situação”.

Ainda de acordo com dados do IBGE, o Estado ainda apresenta o 6º menor porcentual do País de pessoas que recebem o benefício, sendo o maior registrado no Maranhão.

Conforme reportagem do Correio do Estado, a desigualdade ainda é alta no País e no Estado. A renda dos 50% mais pobres e de 1% das pessoas mais ricas chega a uma diferença de 24,7 vezes.

Conforme a pesquisa do IBGE, a análise da concentração de renda por meio da distribuição das pessoas por classes de rendimento domiciliar per capita mostrou que, no ano passado, os sul-mato-grossenses que estavam no último porcentual de rendimento, ou seja, o 1% com rendimento mais alto, recebiam R$ 17.320, enquanto a metade da população com os menores salários ficava com uma média mensal de R$ 701.

Além do Bolsa Família, o seguro-desemprego também teve alta, conforme publicado pelo Correio do Estado na edição do dia 19 de maio. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que a quantidade de pessoas que pediram o benefício entre os meses de janeiro e abril deste ano foi de 31.551.

Em 2020, a quantidade de requerentes era de 34.780 em Mato Grosso do Sul. Os registros de pedidos caíram no ano seguinte, em 2021, com 29.450 requerentes no mesmo período naquele ano. Já em 2022, os pedidos subiram novamente, para 30.774, tendo um novo aumento neste ano.

PENTE-FINO

Por conta de irregularidades e por não se enquadrarem no critério de renda admitido pelo Bolsa Família, 19.207 beneficiários de Mato Grosso do Sul foram desligados do programa.

De acordo com o MDS, foram feitas buscas ativas para manter, cancelar e adicionar ao Bolsa Família novos cadastros do benefício social.

Na Região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul é o estado que tem a menor quantidade de famílias cadastradas no programa e o maior número de cancelamentos do benefício.

O governo federal promoveu um pente-fino em um total de 6 milhões de cadastros de pessoas que entraram no programa durante o período eleitoral de 2022.

Com informações do Correio do Estado