Publicado em 09/05/2012 às 16:43, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
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A crescente concentração dos frigoríficos JBS-Friboi e Marfrig em Mato Grosso do Sul, responsáveis por mais de 60% do mercado da carne, segundo informações do presidente da Acrissul (Associação dos Produtores de Mato Grosso do Sul) Francisco Maia, tem preocupado os produtores rurais do estado.
Os produtores se mobilizaram, tanto regionalmente, quanto nacionalmente, e na noite do próximo dia 14, na sede da Acrissul, vão se reunir para debater o tema. Do encontro, será redigida a Carta de Campo Grande, com reivindicações a serem encaminhadas ao Congresso Nacional.
Chico Maia, que vai amanhã para Brasília convidar os 40 deputados membros da Frente Parlamentar do Agronegócio a participar do encontro, lembra que os preços são estabelecidos pelo livre comércio, e se há concentração, a tendência é o valor cair. Isso é prejudicial em qualquer atividade, concentração de poder é sempre muito danoso, diz.
Ainda segundo Maia, o JBS vem comprando plantas frigoríficas para deixá-las fechadas. O que gera mais concentração nos frigoríficos ativos. Outro problema apontado por ele, é que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) que tem como objetivo fomentar os segmentos da economia, em uma política que inclui as dimensões social, regional e ambiental tem financiado o grupo. Não podemos permitir que empresas sejam financiadas pelo BNDES, e em vez de gerar emprego, cause desemprego, critica.
A concentração, segundo Maia também tem feito o preço da arroba do boi cair. O produtor aponta que o preço da arroba baixou 6% no último mês. E o valor não é repassado ao consumidor. O produtor perde, mas o consumidor não ganha.
O presidente da Assocarnes (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne do Estado de Mato Grosso do Sul), João Alberto Dias, diz que a concentração do mercado nas mãos de um só grupo o JBS é extremamente prejudicial. Essa empresa [JBS] vem comprando, arrendando ou alugando plantas menores com o firme propósito de marcar território para aumentar seu poder de compra do gado de abate, critica.
Quem vai ficar refém desse grupo é o produtor rural que já sofre com os altos custos de produção para terminar os animais com a finalidade de abate, emenda. Além disso, a sociedade vai ter desemprego, dispara sobre a não abertura de plantas compradas pelo grupo e não abertas e áreas estratégicas do estado.
Para o deputado Zé Teixeira, vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira, o que assusta é o fato das aquisições estarem sendo subvencionadas com recursos do BNDES. O que assusta é o BNDES estar financiando essas aquisições. Se o próprio JBS tem um banco porque usa recursos do Governo para comprar novas plantas frigoríficas, questiona.
Teixeira solicitou que seja encaminhado requerimento ao senador Delcídio do Amaral (PT-MS), presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), com intuito de obter informações sobre qual o investimento do BNDES ao grupo JBS.
Já o presidente da comissão, deputado estadual Marcio Fernandes (PTdoB), cobrou na última quinta-feira (3) providências do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) quanto ao caso. O deputado apresentou um requerimento à Mesa Diretora, assinada por outros 10 deputados, solicitando formalmente intervenção do Conselho no sentido de combater a prática antitruste no setor de frigoríficos do Estado.
O anúncio de que o grupo JBS quer comprar o frigorífico Independência, em recuperação judicial desde 2009, deixou os produtores ainda mais preocupados. A aquisição pode inclusive travar o processo de fusão do JBS com o grupo Bertin, em pauta no CADE.
A circunstância é o mais novo episódio envolvendo o grupo empresarial, que somente em 2011 adquiriu ou arrendou outros sete frigoríficos no País, inclusive o River Alimentos, em Coxim.
Com a aquisição do River, já são quatro frigoríficos controlados pelo grupo JBS no estado, de acordo com Adriana Mascarenhas, assessora técnica da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). Ele aponta que ao todo são 25 frigoríficos ativos no estado e dez inativos.
Mascarenhas explica que a Famasul está finalizando um estudo sobre a concentração da carne em MS, e o levantamento deve ser concluído nesta semana. Segundo ela, a pesquisa vai dar base para firmar se há concentração de mercado ou não no estado.
Ela disse que não dá para se falar em monopólio, porque para que seja caracterizado monopólio teriam que ser 100% das atividades em apenas um grupo, mas o levantamento dirá como está a concentração dos mercados.
Fonte: Coxim Agora