O recuo de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano, no pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, foi considerado um "desastre" por interlocutores da presidente Dilma Rousseff ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de informações em tempo real da Agência Estado.
"Ninguém quer uma queda de 1,9%. A gente quer é + 1,9%", lamentou um auxiliar direto da presidente, que pediu para não ser identificado.
O resultado divulgado nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas de 42 instituições consultados pela Agência Estado, que esperavam desde uma queda de 2,20% até recuo de 1,30%, com mediana negativa de 1,70%.
Na avaliação de um interlocutor da presidente, a combinação de popularidade no "volume morto" e recessão com queda acentuada do PIB torna mais difícil a "equação" para o governo, que se vê confrontado com ameaça de impeachment, "caos político" na relação com o Congresso Nacional e o desgaste com a adoção de uma série de medidas impopulares.
"Não é um ano perdido", minimizou um outro interlocutor, alegando que, apesar das dificuldades, o governo conseguiu fazer os ajustes na economia, como a aprovação do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento e as alterações nas regras de concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. "O estrago poderia ter sido bem maior se não houvesse o ajuste", opinou.
Em entrevista a emissoras de rádio nesta semana, Dilma reconheceu que "vivemos um momento de dificuldade, em que temos de fazer ajustes na economia para voltar a crescer e é razoável que as pessoas se sintam inseguras e preocupadas com o futuro".
"Eu espero uma situação melhor. Não tenho como te garantir que a situação em 2016 vai ser maravilhosa. Não vai ser, muito provavelmente não será. Agora, também não será a dificuldade imensa que muitos pintam. Nós vamos continuar tendo dificuldades, até porque não sabemos a repercussão de tudo que está acontecendo na economia internacional", comentou.
Diante desse quadro de deterioração dos indicadores econômicos e aprofundamento da crise política, a presidente ainda avalia a possibilidade de fazer um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão por ocasião do Sete de Setembro, como houve em 2011, 2012 e 2013.
Segundo a reportagem apurou, o mais provável é que a presidente se manifeste por meio das redes sociais, como fez no Dia do Trabalho, evitando novos episódios de "panelaços".